O governo Bolsonaro deve tirar o controle do Porto do Itaqui do governo Flávio Dino – o porto é administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) – e entregar um vice-almirante da Marinha do Brasil.
O Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou, por meio de vídeo publicado em seu perfil no Twitter, que o governo licitará até o fim do ano que vem, três ferrovias.
Segundo o ministro, o novo programa de concessões de ferrovias permitirá, ao setor, dobrar sua participação na matriz de transporte brasileiro até 2025, saltando de 15% para cerca de 30% no intervalo de 8 anos. “Vamos ter uma grande espinha dorsal ferroviária. Isso vai ser transformador para o país”, completou o ministro.
O primeiro leilão já acontecerá em março, com a licitação da ferrovia Norte-Sul, que interligará o Porto Nacional, em Tocantins, à Estrela do D’Oeste (SP), unindo o Porto do Itaqui, no Maranhão (MA), ao Porto de Santos, em São Paulo (SP).
As outras duas concessões serão a ferrovia de integração Oeste-Leste, na Bahia, que vai ligar Caetité ao Porto de Ilhéus, e ainda a Ferrogrão, no Mato Grosso (MT). A informação é do Click Petróleo e Gás.
Os presidentes de PT, PSB e PSOL se reunirão nesta terça-feira (22) em Brasília para discutir a formação de um bloco de centro-esquerda para se opor ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição na Casa.
O PT admite, até, fechar acordo com PP e MDB, a quem o partido fez oposição durante o governo Michel Temer.
“Não estamos negando conversa com ninguém. Os líderes têm se falado, mas, antes, queremos fechar um bloco forte com os partidos de centro-esquerda”, disse ao blog a presidente do PT, senadora e deputada eleita Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Nesta segunda (21), Gleisi se reuniu com os deputados federais Ivan Valente (PSOL) e Marcelo Freixo (PSOL), além dos petistas Paulo Pimenta e José Guimarães.
Nesta terça-feira, o PSB vai se reunir com os partidos. O PSB, assim como o PT, flerta com o MDB e PP.
O problema: o PSOL tem resistências e não quer se aliar ao MDB e ao PP, que também faz oposição a Maia.
Procurado, Freixo, que estava na reunião, confirmou a informação.
O PT e o PSB, no entanto, trabalham por um acordo mais amplo, incluindo MDB e PP. “Nós não temos resistência, é mais o PSOL mesmo. Nossa prioridade, primeiro, é montar um bloco forte de cinco partidos para nos posicionarmos na Câmara. O importante é que já tomamos a decisão de ser contra a candidatura de Maia”, disse Gleisi.
Além de PSB e PSOL, o PT quer convencer PDT e PcdoB a montarem o bloco. Gleisi disse que, nesta segunda, procurou o presidente do PDT, Carlos Lupi, para conversar.
O PDT já fechou apoio a Maia. A deputada federal eleita também procurou o comando do PcdoB, que quer apoiar Rodrigo Maia. “Acho importante estarmos juntos, ainda não sabemos quem vamos apoiar, o PSOL colocou o nome do Freixo, vamos ver o que diz o PSB”.
A reunião dos partidos de esquerda está prevista para as 11h30 desta terça-feira, segundo Gleisi.
Maia e PP
Do lado do PP e do MDB o nome colocado é o do deputado Artur Lira (PP-AL).
Maia trabalha junto à cúpula do PP para que o deputado retire a candidatura e o apoie.
No entanto, Lira afirma que é candidato, e que Rodrigo Maia recuou em acordos sobre espaços na Câmara – o que o atual presidente da Casa minimiza.
O preço médio da gasolina voltou a cair no Brasil. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro do combustível nos postos custava 4,258 reais na última semana, encerrada no sábado, 19, ante 4,297 reais na semana anterior.
Em 2019, a gasolina já acumula queda de 2% nas bombas. A redução no preço do combustível ocorre mesmo com a Petrobras subindo o valor do combustível nas refinarias. No último sábado, o litro vendido às distribuidoras subiu 2,1%, vendido a 1,5308 reais. No começo do ano, o combustível refinado chegou ao menor patamar em 14 meses, vendido a 1,4337 reais.
O repasse dos reajustes dos combustíveis ao consumidor final nos postos depende de diversas variáveis, como margem das distribuidoras e revendedores e impostos.
Diesel e Etanol
Na semana encerrada em 19 de janeiro, o valor do litro do óleo diesel nos postos permaneceu estável, a 3,434 reais por litro, de acordo com o levantamento semanal.
Já o etanol hidratado teve queda de 1 centavo, sendo vendido a 2,82 reais por litro.
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta sexta-feira (18) em uma cerimônia no Palácio do Planalto a medida provisória (MP) que estabelece medidas para combater fraudes em benefícios pagos pela Previdência Social.
De acordo com o governo, a medida provisória altera regras de concessão dos benefícios, entre os quais auxílio-reclusão, pensão por morte e aposentadoria rural. Prevê, ainda, a revisão de benefícios pagos atualmente pelo INSS.
Pelo texto da MP, serão criados os programas de Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade e de Revisão de Benefícios por Incapacidade.
Pelas estimativas da equipe econômica, o governo poderá economizar R$ 9,8 bilhões nos primeiros 12 meses com as ações previstas na MP.
Isso porque, de acordo com o governo, a estimativa é que serão cancelados 16% dos 5,5 milhões de benefícios. A revisão será feita nos próximos dois anos.
Saiba o que prevê a medida provisória:
Auxílio-reclusão: “Restrições” na concessão do auxílio-reclusão em caso de dependentes de preso em regime fechado, que deverá ter tempo mínimo de contribuição de 24 meses. Atualmente, basta que o segurado tenha feito uma única contribuição antes de ser preso para os dependentes terem direito ao benefício. Presos no regime semiaberto não terão mais direito ao benefício. A MP proíbe a acumulação do auxílio-reclusão com outros benefícios. A comprovação de baixa renda levará em conta a média dos 12 últimos salários do segurado e não apenas a do último mês antes da prisão.
Pensão por morte: Atualmente, a Justiça reconhece relações de união estável ou de dependência econômica com base em prova testemunhal e concede o benefício. A medida provisória exige comprovação documental. Para o recebimento desde a data da morte do segurado, filhos menores de 16 anos precisarão requerer o benefício em até 180 dias após o falecimento. Pela regra atual, esse prazo não existe para fins de retroatividade. De acordo com a Secretaria da Previdência, a MP acaba com pagamentos de pensão por morte em duplicidade.
Aposentadoria rural: Será criado um cadastro de segurados especiais para abastecer o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). A partir de 2020, o CNIS será a única forma de comprovar o tempo de contribuição para o trabalhador rural. Documentos validados por sindicatos não serão mais aceitos. Antes de 2020, o trabalhador rural comprovará período de contribuição por meio de uma autodeclaração. Nos próximos 60 dias, bastará entregar a autodeclaração. A partir de março, a autodocleração terá de ser homologada por entidades do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater).
Suspensão preventiva de fraude: Permite a suspensão de benefícios pagos com suspeita de irregularidades (com provas pré-constituídas) até que o beneficiário apresente defesa. Atualmente, o benefício é pago até que o trabalhador seja localizado.
Pagamentos após morte: Estabelece que os bancos serão obrigados a devolver valores depositados após a morte do beneficiário.
Desconto de pagamento indevido: No caso de pagamento maior do que o benefício devido ao segurado, a MP autoriza o desconto do valor recebido indevidamente nos pagamentos seguintes ou a inscrição do débito na dívida ativa.
Carreira de peritos: Os médicos peritos deixam o escopo do INSS e ficam vinculados à Secretaria de Previdência do Ministério da Economia. A medida aumenta a relação de tarefas que os profissionais poderão realizar, como revisões de aposentadorias por invalidez de servidores públicos.
Combate a irregularidades
A medida provisória também cria duas estruturas para revisar os benefícios concedidos pelo INSS.
Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade
A estrutura contará com o trabalho de técnicos e analistas do INSS;
Cada servidor receberá gratificação de R$ 57,50 por processo concluído;
O orçamento do programa é de R$ 110 milhões; se prorrogado em 2020, o orçamento será de R$ 25 milhões.
Revisão de Benefícios por Incapacidade
Contará com o trabalho de peritos médicos federais;
A cada perícia realizada será paga uma gratificação no valor de R$ 61,72;
O orçamento destinado ao programa neste ano é de R$ 123 milhões. Se prorrogado para 2020, o montante será de R$ 90 milhões.
O objetivo é revisar benefícios por incapacidade sem perícia médica há mais de seis meses e que não possuam data de cessação estipulada ou indicação de reabilitação profissional.
Também está no escopo do programa a revisão de mais de 2,5 milhões de benefícios de prestação continuada (BPC) sem avaliação pericial há mais de 2 anos e outros benefícios de natureza previdenciária, assistencial, trabalhista ou tributária.
Edição da medida provisória
Por se tratar de medida provisória, o ato de Bolsonaro terá força de lei assim que for publicado no “Diário Oficial da União”, o que deve acontecer ainda nesta sexta, segundo o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
A partir da publicação, o Congresso Nacional terá até 120 dias para analisar a MP e torná-la uma lei em definitivo. Caso o contrário, perderá a validade.
A edição da medida provisória foi anunciada há cerca de duas semanas pelo novo secretário da Previdência, Rogério Marinho. Nesta quinta (17), a equipe econômica enviou o texto ao Palácio do Planalto para análise da Casa Civil.
Pente-fino de Temer
O governo Michel Temer iniciou em agosto de 2016 um pente-fino nos pagamentos de auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez pagos pelo INSS.
Conforme o Ministério da Cidadania, até 31 de dezembro de 2018, foram realizadas 1.185.069 perícias, com 578,5 mil benefícios cancelados. O processo de revisão gerou uma economia de R$ 14,5 bilhões somente no auxílio-doença, informou a pasta.
Outros 73,7 mil benefícios foram cancelados por não comparecimento do segurado na perícia e outros 74,7 mil por outros motivos, como óbito e decisões judiciais.
Os presidentes Jair Bolsonaro (PSL) e Mauricio Macri, da Argentina, almoçaram nesta quinta-feira (16/1) nas mesas do Palácio do Itamaraty.
Na mesa de Bolsonaro também sentaram Mauricio Macri; o vice-presidente Hamilton Mourão; o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e o ex-senador José Sarney. O almoço de cortesia foi oferecido pelo Itamaraty a autoridades, incluindo a comissão da Argentina que veio ao Brasil junto com o presidente Macri.
No evento, Sarney sentou ao lado de Bolsonaro e ficou o tempo todo ao seu lado em posição de destaque.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann Foto: Jorge William / Agencia O Globo
BRASÍLIA — Sem os microfones do Congresso, a prometida oposição implacável do PT ao governo Jair Bolsonaro se limitou às redes sociais nas duas primeiras semanas de governo. Internamente, petistas admitem que o partido está sem discurso, não consegue empolgar a militância e precisa virar a página da bandeira “Lula, livre”, mas ainda não sabe como reagir à estratégia de Bolsonaro e aliados de colocar a legenda como principal inimiga do país.
As redes sociais têm sido a trincheira petista na oposição a Bolsonaro. Na internet, eles têm compartilhado críticas feitas às primeiras iniciativas do presidente e seus ministros, em especial as declarações polêmicas e os recuos. Mas os “memes” têm ressonância limitada e não dão projeção ao partido, avaliam petistas. Um líder da legenda diz que “o PT sumiu do noticiário” e advoga que o partido precisa com urgência traçar uma narrativa para continuar protagonista da oposição.
Na semana passada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, voltou às páginas de jornais, mas criticada por líderes de outros partidos de esquerda e até correligionários. Ela foi à posse de Nicolás Maduro, na Venezuela, na última quinta-feira, sob a alegação de “mostrar que a posição agressiva do governo Bolsonaro contra a Venezuela tem forte oposição no Brasil e contraria nossa tradição diplomática”. Dominado pelos opositores a Maduro, o Parlamento venezuelano não reconheceu a legitimidade da sua reeleição. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconhecerá o governo Maduro.
Para parte do partido, a ida de Gleisi à posse foi “um desastre”. Um dirigente histórico da legenda diz que “o PT vai ter de discutir se quer manter o radicalismo como linha de frente”.
Mais Haddad
Para o deputado federal reeleito Reginaldo Lopes, o petista mais votado em Minas Gerais para a Câmara e outro crítico à presença do PT na posse de Maduro, o partido tem de voltar a atenção à vida real da população:
— O PT precisa debater os temas que interessam ao povo brasileiro e largar de polarizar as bobagens ditas pela família Bolsonaro, porque elas se perdem no tempo e espaço por serem tão ridículas e inaceitáveis no século XXI. Paulo Guedes só pensa no mercado financeiro. Essa bobagem sobre Previdência de capitalização é o fim do mundo para os pobres e trabalhadores de renda pequena, ou seja, para 80% do povo brasileiro.
A reforma da Previdência, no entanto, é considerada a principal medida para reequilibrar as contas públicas e fazer o ajuste fiscal.
A direção do partido se reunirá na segunda-feira. Depois de ter boicotado a posse de Bolsonaro, uma decisão que também causou polêmica e não foi unânime internamente, o PT pretende traçar uma linha de atuação contra o governo.
Uma das cobranças internas é por uma atuação mais forte do candidato derrotado do partido à Presidência, Fernando Haddad, como porta-voz da oposição. Ele também tem usado as redes sociais como canal para disparar críticas a Bolsonaro. Mas o PT quer que ele saia de casa. Uma ala do partido defende que Haddad viaje o país no esforço de reaproximação com segmentos da sociedade que se afastaram da legenda nos últimos anos, como os evangélicos.
O partido quer formular também um “pacote” de iniciativas contra Bolsonaro para a volta do Congresso. Os parlamentares pretendem explorar o que identificam como maior potencial de desgaste para o governo. Um dos focos são as denúncias contra Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente. Relatório do Conselho de Controle de Atividades (Coaf) aponta movimentação de R$ 1,2 milhão numa conta bancária dele durante um ano. Na época, ele recebia salário de R$ 23 mil. As transações foram consideradas atípicas. Queiroz alegou que o dinheiro vinha da compra e venda de carros.
O ritmo lento de oposição no início do governo Bolsonaro é atribuído por alguns petistas ao ex-presidente Lula. Segundo parlamentares, quem o visitou voltou com a orientação de “observar” os primeiros atos do novo presidente para “modular” as críticas. Lula teria se mostrado preocupado com as sinalizações de que Bolsonaro vai manter o discurso anti-PT como pilar de seu governo.
Contexto: escândalos de Temer deram fôlego
Depois de sofrer em 2016 o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a maior derrota eleitoral da sua história nas eleições municipais, quando perdeu 60% das prefeituras que comandava, o PT soube se reestruturar na oposição ao governo Michel Temer. Depois desse vendaval político, que culminou com a prisão do ex-presidente Lula, em abril passado, o partido conseguiu se recuperar.
Em 2018, colocou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial, elegeu a maior bancada para a Câmara, com 56 deputados, e manteve uma cidadela no Nordeste, onde governa Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Esse resultado manteve o PT na liderança da esquerda brasileira e pode ser atribuído à eficácia da oposição petista ao governo Temer. Com a narrativa de que o impeachment de Dilma foi um golpe e o slogan “Fora, Temer”, o partido soube se aproveitar da impopularidade do ex-presidente. A oposição foi facilitada pelos escândalos que tragaram o governo Temer.
Se a eleição de Jair Bolsonaro significou um abalo para o sistema político tradicional, o PT pode dizer que sofreu menos escoriações do que o PSDB, o partido com quem polarizou a política nacional desde 1994. Esse passado de eficácia na oposição é um alento para os petistas no enfrentamento político ao novo governo. Mas há motivos também para o PT temer o futuro. O principal é o crescente ostracismo de Lula, encarcerado em Curitiba.
Neste começo do governo Bolsonaro, outro problema é a desunião interna. Com 47 milhões de votos, Haddad saiu com credenciais para se tornar o principal líder do partido. Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que tem o apoio de Lula, não quer abrir espaços. (O Globo)
Num final de tarde recente, na contagem regressiva para o fim de seu mandato, o agora ex-presidente Michel Temer fez uma reflexão sobre as asperezas do exercício da Presidência da República. “Ser presidente é honroso, mas não é fácil”, desabafou. “Getulio suicidou-se. Tentaram dar golpe no Juscelino para impedi-lo de tomar posse. O Juscelino, do jeito dele, perdoava todo mundo. Interiorizou o Brasil e fez um belíssimo governo, mas saiu como ladrão e corrupto. Foi preso e exilado. Depois teve uma morte mal explicada. Depois veio o Jânio, que renunciou, triste sina. Depois Jango, que foi deposto. Depois, vieram os militares. Quando o Costa e Silva se afastou, não deixaram o vice, Pedro Aleixo, assumir.”
Ao falar do período pós-regime militar e de redemocratização do país, Temer lembrou que a “triste sina” voltou com a morte de Tancredo Neves, que nem tomou posse na Presidência. “Sarney, embora tenha ajudado a reconstruir o país junto a Ulysses Guimarães, saiu desprezado, com Collor dizendo na frente do Palácio da Alvorada que ele era corrupto. Collor foi impichado. Depois do Collor, Itamar foi bem por causa do Plano Real. Fernando Henrique assumiu o poder e um tempo atrás me contou que, quando saiu, tinha 144 ações por improbidade. Já liquidou cento e poucas e tem umas 40 ainda em andamento. Depois veio o Lula, que está preso. Dilma foi também impichada, e depois vem eu”, completou , com uma risada. “E veja o que eu estou sofrendo.” Era uma alusão às denúncias de corrupção de que foi alvo em seus dois anos e sete meses na Presidência — três foram protocoladas pela Procuradoria-Geral da República.
O ex-presidente José Sarney, primeiro líder do período democrático, não foi um presidente propriamente forte. Depois de assumir o cargo com a morte de Tancredo Neves, que negociara com os militares a transição para a democracia, Sarney, egresso do PDS, partido de sustentação do regime militar, passou boa parte de seu mandato tentando legitimar-se no cargo e tendo de fazer concessões ao então PMDB de Ulysses Guimarães, que carregava a legitimidade da oposição à ditadura.
Por causa dessa experiência, Sarney costuma dizer que o presidente deve ser conciliador e radicalmente tolerante com seus opositores. O governante que dá “soco na mesa costuma quebrar a mão”, afirmou o ex-presidente. Ele também recomendou ao presidente usar os dois ouvidos, como diz o Padre Antônio Vieira: um para ouvir quem está presente e outro quem está ausente. Sarney aconselhou, além disso, evitar dois clichês, o de que o presidente “não pode voltar atrás” e o da “solidão do poder”. As decisões, disse ele, não podem ser solitárias, e, na verdade, acabam não sendo.
A Presidência da República não é um cargo, é uma instituição. O povo tem, de quem a ocupa, uma visão do senhor de bem e do mal, que tudo pode e tudo resolve. Mas a cadeira da Presidência é maior do que o Presidente, e ninguém a modifica. Todos são por ela modificados. O Presidente deve tomar as decisões que lhe parecem melhores, e muitas vezes o tempo demonstra que não foram.
O Presidente é um ser humano moldado por educação, formação moral, cultura, experiência, família, virtudes, defeitos e temperamento. Ele está sempre aprisionado pelos problemas do tempo que governa. Não há como fugir da visão de Ortega y Gasset: o homem e suas circunstâncias.
A Presidência no Brasil, como em alguns países, tem duas faces reunidas num só rosto: a do Chefe de Estado e a do Chefe do Governo. A primeira é representar o símbolo da identidade nacional e soberania; a segunda, o barro de cada dia: fazer funcionar a máquina do Estado.
Ela tem forças próprias, que agem como leis físicas. Ela exige defender dia e noite a legitimidade de ocupá-la. É própria de sua natureza política uma constante força centrífuga, que tenta expulsar o ocupante. As surpresas impensadas ou impossíveis de prever acontecem, e nossa história está cheia de exemplos. Surgem pela incapacidade de exercê-la e de liderar pessoas, pela corrosão moral, pela desintegração administrativa, pela saúde e por pressões que são superiores à integridade humana, na obsessão de Descartes – alma e corpo. Pode transformar heróis em vilões, santos em demônios, mas pode também revelar grandes estadistas.
A Presidência mantém sua estabilidade com boa convivência com a mídia, por sua vez vocalizadora das ruas, com as Forças Armadas, responsáveis pela ordem interna, com o Congresso, com os partidos e com a sociedade.
Hoje a grande interlocutora da democracia representativa, a opinião pública, expressa-se pela mídia em tempo real, pelas redes sociais e pela sociedade de comunicação. Sua aferição de desempenho, a pesquisa de opinião pública, aliada à mídia retira, coloca e retoma a legitimidade.
Juscelino dizia que pela porta do Gabinete só entravam problemas. Os resolvidos ficavam fora. Minha vivência é que os maiores problemas da administração diária são a vaidade, a disputa, a intriga e a concorrência por espaços no governo. Estão sempre uns divergindo dos outros e o Presidente não toma conhecimento de quase nada que acontece de verdadeiramente desestabilizador ou irregular. Ter dois ouvidos, um para ouvir o presente e o outro o ausente. O Presidente é sempre o último a saber das coisas erradas e fica sem saber de outras mais. Mas termina sendo responsável por todas.
Dois dogmas devem ser abandonados. Não voltar atrás e acreditar no chavão da solidão do poder. Deve-se rever o que se fez de errado e fazer que as decisões nunca sejam solitárias: sempre ouvir, aceitar conselhos, partilhar dúvidas e buscar a melhor opção.
E nunca esquecer que uma nação é feita de historiadores para conhecer o passado, de políticos para resolver os dilemas do presente e de poetas para sonhar o futuro. E saber os versos do poeta latino Ovídio, nas Tristes:“Enquanto fores feliz terás numerosos amigos; se os tempos nublarem, ficarás só”.
José Sarney foi eleito vice-presidente em 1985 pelo colégio eleitoral. Com a morte de Tancredo Neves, tornou-se presidente da República, cargo que exerceu até 1990
Moeda norte americana fechou a 3,75 reais mesmo em dia ruim no mercado internacional
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O dólar teve seu segundo pregão consecutivo de queda e terminou a quinta-feira, 3, na casa de 3,753 reais, o menor nível desde novembro passado. Mesmo em um dia de riscos externos, a animação com o governo de Jair Bolsonaro puxou a cotação para baixo.
Nos dois pregões do ano, a moeda acumula recuo de 3,14%. O índice Ibovespa, no entanto, operava em queda de 0,44% próximo ao fechamento da bolsa, às 17h30, influenciado pelos mercado internacionais. No dia anterior, a bolsa registrou recorde histórico, superando os 91 mil pontos.
“Estaremos suscetíveis à volatilidade externa, mas existe espaço para que os ativos locais continuem mostrando desempenho relativo mais positivo enquanto for factível acreditar nas reformas econômicas e no bom andamento do novo governo”, escreveu o estrategista da empresa de gestão de recursos e ativos TAG Investimentos, Dan Kawa.
A primeira reunião ministerial do governo de Jair Bolsonaro aconteceu nesta quinta-feira e o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fará uma apresentação sobre a proposta de reforma da Previdência –um dos temas mais caros ao mercado– ao presidente Jair Bolsonaro na próxima semana.
Na véspera, em seu discurso durante transmissão de cargo, Guedes já havia feito veemente defesa do controle dos gastos públicos e da diminuição do tamanho do Estado brasileiro, elegendo a reforma da Previdência como prioridade número um, mas prometendo, em paralelo, medidas infraconstitucionais de ajuste.
O mercado internacional, entretanto, tinha um dia de aversão ao risco após a Apple emitir alerta de receita diante da expectativa de menores vendas na China, que sofre os efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos.
A notícia reforçou o alerta entre os investidores sobre a desaceleração econômica global e levou à busca de ativos mais seguros, como o iene.
O movimento ganhou força também após o dado da atividade da indústria nos EUA, que ficou em 54,1 em dezembro, abaixo dos 57,9 previstos em pesquisa Reuters. Antes, o número maior de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA já tinha anulado os dados mais fortes de criação de vagas no mercado privado de trabalho dos Estados Unidos.
O dólar caía ante a cesta de moedas, mas subia ante as divisas emergentes, como o peso mexicano.
O jovem Mateus Lima de Imperatriz, está em Brasília onde foi acompanhado da ex-candidata a governadora Maura Jorge, para participar da posse do presidente Jair Bolsonaro.
Lima é expoente da nova geração de lideranças políticas juvenis e integrou a ala de apoio a Bolsonaro no Maranhão durante o último pleito eleitoral.
Na última quarta (2), ele participou da transmissão de cargo no Ministério dos Direitos Humanos onde tomou posse Damares Alves. Na mesma solenidade foi empossada a nova secretária Nacional de Juventude, Jayana Nicaretta da Silva, que já foi a vereadora mais votada de Santa Catarina.
Mostrando trânsito político, Mateus conversou com a nova secretária, que na oportunidade gravou um vídeo e falou de mudança também no âmbito da juventude. Confira o vídeo: