WhatsApp bloqueado: Zuckerberg diz que ‘este é um dia triste’ para o Brasil

Mark Zuckerberg, cofundador e presidente-executivo do Facebook, comenta bloqueio do WhatsApp no Brasil
Mark Zuckerberg, cofundador e presidente-executivo do Facebook, comenta bloqueio do WhatsApp no Brasil

Mark Zuckerberg, cofundador e presidente-executivo do Facebook, comentou nesta quinta-feira (17) o bloqueio do WhatsApp no Brasil e disse que este é “um dia triste para o país”. Em mensagem publicada em seu perfil, ele também citou que está “trabalhando duro para reverter a situação” (leia, abaixo, a íntegra do comunicado). O Facebook anunciou a compra do WhatsAppem fevereiro de 2014, por US$ 22 bilhões.

O Facebook enviou uma mensagem aos celulares dos usuários dizendo: “Estamos trabalhando para restaurar o WhatsApp. Enquanto isso, use o Messenger”.

Usuários de três operadoras de telefonia móvel do Brasil – Claro, Tim e Vivo – relataram que oWhatsApp saiu do ar no final da noite desta quarta-feira (16). Os relatos começaram por volta de 23h30.

As principais operadoras de celular do país foram intimadas pela Justiça a bloquear o aplicativo de mensagens em todo o território nacional por 48 horas, a partir da 0h desta quinta (17).

Decisão da Justiça

O recebimento da determinação judicial foi confirmado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal, o SindiTelebrasil, que representa as operadoras Vivo, Claro, Tim, Oi, Sercomtel e Algar.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) afirma que a decisão partiu da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e corre em segredo de justiça em uma ação criminal.

Segundo o TJ-SP, o WhatsApp não atendeu a uma determinação judicial de 23 de julho de 2015. A empresa foi notificada mais uma vez em 7 de agosto, com uma multa fixada em caso de não cumprimento.

O WhatsApp não atendeu à determinação novamente, de acordo com o TJ-SP. Por isso, “o Ministério Público requereu o bloqueio dos serviços pelo prazo de 48 horas, com base na lei do Marco Civil da internet”.

Eduardo Levy, presidente do SindiTeleBrasil, diz que as operadoras são obrigadas a atender a determinação e que não é do interesse delas bloquear o WhatsApp no país. “Temos interesse em regras que sejam mais leves para o setor”, disse Levy ao G1.

Histórico

Essa não é a primeira tentativa de barrar o aplicativo no país. Em fevereiro, um juiz de Teresina (PI) havia determinado que as operadoras suspendessem temporariamente o acesso ao WhatsApp.

O motivo seria uma recusa do app em fornecer informações para uma investigação policial que vinha desde 2013.

Leia, abaixo, a íntegra da mensagem de Mark Zuckerberg:

Hoje à noite, um juiz brasileiro bloqueou o WhatsApp para mais de 100 milhões de usuários do aplicativo no país.

Estamos trabalhando duro para reverter essa situação. Até lá, o Messenger do Facebook continua ativo e pode ser usado para troca de mensagens.

Este é um dia triste para o país. Até hoje o Brasil tem sido um importante aliado na criação de uma internet aberta. Os brasileiros estão sempre entre os mais apaixonados em compartilhar suas vozes online.

Estou chocado que nossos esforços em proteger dados pessoais poderiam resultar na punição de todos os usuários brasileiros do WhatsApp pela decisão extrema de um único juiz. Esperamos que a justiça brasileira reverta rapidamente essa decisão. Se você é brasileiro, por favor faça sua voz ser ouvida e ajude seu governo a refletir a vontade do povo.

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Imprensa internacional destaca o ‘maior protesto da democracia’ brasileira

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As manifestações que reuniram quase 2 milhões de pessoas contra o governo em diversas cidades do Brasil neste domingo ganharam destaque na imprensa internacional. Sites dos principais jornais do mundo repercutiram os protestos com imagens das multidões nas ruas do país e análises da insatisfação dos brasileiros com Dilma Rousseff. Com a manchete “Out, Dilma” (“Fora, Dilma”), a versão internacional do site da rede americana CNN colocou os protestos no Brasil em seu destaque principal. A reportagem cita o “clima festivo” nos atos e diz que os manifestantes protestam contra a corrupção e pedem o impeachment de Dilma. O governo, contextualiza a CNN, “está lutando em meio a uma economia fraca e a um enorme escândalo de corrupção envolvendo a estatal de petróleo do país”. A publicação lembra ainda que Dilma foi reeleita em uma disputa apertada em outubro, mas que “desde então sua taxa de aprovação despencou junto com a economia”.

Um dos principais jornais do mundo, o New York Times ilustrou sua reportagem sobre os protestos com uma foto da massa de manifestantes no Rio, com a praia de Copacabana ao fundo. A matéria destaca que as “centenas de milhares” de pessoas que foram às ruas pedindo a saída de Dilma aumentam ainda mais a pressão sobre a presidente, enquanto ela enfrenta crises em várias frentes: “A economia atolada em estagnação, um escândalo de propinas arrebatador e a revolta de algumas das figuras mais poderosas de sua coalizão governista”, enumera o jornal. O New York Times lembra também que os protestos coincidem com os 30 anos da redemocratização do Brasil.

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O espanhol El País sintetizou o 15 de março no Brasil em seu título: “O país pede mudanças no maior protesto de sua democracia. Manifestantes marcham contra a corrupção e a crise”. Além da reportagem principal, o jornal também trouxe uma análise do correspondente Juan Arias. No texto, ele diz que, ao contrário do que alguns afirmavam, os protestos não atraíram apenas os brasileiros das classes mais altas. “O Brasil os desmentiu categoricamente. Diziam que era o país do ‘caviar’, o dos ricos, o que sairia à rua para exigir a cabeça de Dilma. Não foi. Foi o Brasil plural, foi o Brasil mestiço, o que saiu às ruas sem ideologias nem classes”.

Com o título “Grandes protestos no Brasil exigem o impeachment da presidente Rousseff”, a matéria da britânica BBC relata que os manifestantes acreditam que Dilma sabia do escândalo de corrupção na Petrobras. A publicação deu bastante destaque às imagens das multidões pelo país, exibindo fotos dos protestos em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. “Muitos manifestantes balançavam bandeiras do Brasil e vestiam a camisa da seleção de futebol. Eles gritavam slogans contra a corrupção e o Partido dos Trabalhadores”, descreve a reportagem. A BBC diz ainda que a oposição apoiou os protestos, mas não pediu abertamente pelo impeachment de Dilma.

No Le Monde, principal jornal francês, a reportagem sobre as manifestações traz um vídeo com imagens da Avenida Paulista, em São Paulo, da praia de Copacabana, no Rio, e da Esplanada, em Brasília. O texto menciona a Operação Lava Jato e os 49 políticos, “em sua maioria membros dos partidos da coligação no poder”, que foram indiciados pela Justiça. A insatisfação com a presidente Dilma é apontada com dados ilustrando sua baixa popularidade, pressionada por escândalos de corrupção e uma “economia à beira da recessão”.

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Os jornais argentinos também acompanharam com atenção os protestos no país vizinho. O Claríndestacou o assunto na chamada principal de seu site. “Massivas marchas de protesto no Brasil contra o governo Dilma”, diz a manchete. O periódico registrou que as manifestações aconteceram nas principais cidades do país, mas que em São Paulo a mobilização foi “enorme”. Para o La Nación, mais de 2 milhões de brasileiros gritaram “Fora Dilma!” nas ruas do país. O jornal colheu declarações de manifestantes em São Paulo e descreveu o ambiente amistoso dos atos. “Famílias com crianças pequenas, grupos de jovens e casais aposentados, vestidos com a camisa da seleção nacional, cobertos com bandeiras do país e com o rosto pintado com as cores do Brasil, foram em massa para a Avenida Paulista”.

Da Revista Veja