O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou ontem (23), durante entrevista ao programa Roda Viva, que se fosse presidente da República, respeitaria a lista tríplice para indicar o novo procurador-geral da República.
Como se sabe, o atual presidente, Jair Bolsonaro (PSL), ignorou a votação feita pelos procuradores e indicou Augusto Aras ao posto.
À bancada do programa, o comunista maranhense declarou que acha que “essas listas têm um papel importante” e acrescentou que, com certeza, “respeitaria essa ideia da lista tríplice”.
E foi mais longe: para ele, o respeito à votação deveria estar expresso na Constituição.
“Acho que seria uma ideia, inclusive, que deveria ser aprovada na Constituição, como é em relação ao Ministério Público dos estados. No Ministério Público dos estados já é assim, acho que no Federal deveria ser também”, completou.
Faça o que eu digo…
O problema é que, mais uma vez, o que Flávio Dino conta à mídia nacional não se sustenta com ações práticas no Maranhão.
Por aqui, há dois exemplos de desrespeito do governador a votações de classe.
Em 2016, ele nomeou Werther de Moraes Lima Júnior como novo defensor público-geral do Estado do Maranhão. Werther perdeu a eleição que disputou contra a ex-defensora-geral, Mariana Albano. Ele teve apenas 70 votos, contra 78 da sua concorrente (reveja).
Naquele mesmo ano, Dino precisou apreciar um nova lista tríplice: a da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) do Maranhão.
Na ocasião, depois de o promotor Marco Aurélio Batista Barros, preferido do comunista, sequer entrar na lista, o governador ignorou a pressão pela nomeação do mais votado, promotor Augusto Cutrim, e decidiu nomear Luís Gonzaga Martins Coelho (saiba mais). O atual PGJ teve apenas 183 votos, 29 a menos que Cutrim, o mais votado.
Com um detalhe: Dino fez tudo isso contrariando seu próprio discurso de 2008, quando cobrava do então governador Jackson Lago (PDT) respeito à lista tríplice do mesmo MPMA (leia aqui).
Do Blog do Gilberto Leda