Quem era mesmo Júlia? Confesso que não sabia quem era porque só conhecia mesmo seus pais. Nos grupos de whatsapp foi grande o apelo para ajudar uma Júlia. Começou com um, logo depois estava em dez, depois estava em vinte e a coisa foi ganhando uma proporção imensa.
Em questão de horas uma grande corrente se uniu a orar pela vida de uma pequena que entrava numa guerra pela vida. Ela precisava de uma UTI e quando conseguiu perdeu a vez para outra criança. Não deissitiu e logo outra vaga apareceu.
Os pais precisavam de ajuda, de preces e de apoio. Receberam. Orações, colaborações de conhecidos e desconhecidos e num momento, a Júlia que muitos como eu não a conhecia, passou a fazer parte das nossas vidas.
Nos preocupamos, oramos, choramos e participamos da agonia junto com a família, que sabe lá Deus como, se mantinham em pé com tamanha angústia. A pequena Júlia nos deixou hoje pela manhã, não porque não lutou, ao contrário foi insistente, nos deixou porque sua missão mesmo que tão curta, já havia sido cumprida e Deus precisou chamá-la.
Quem é pai e mãe não toma conhecimento de uma fatalidade dessas sem sentir nada. Dilacera a gente ao imaginarmos quão grande é essa dor, justamente porque também temos nossos filhos. Júlia se foi sem saber, mas uniu gentes diferentes em prol de uma causa maior, de um bem querer maior, por alguém que como disse, muitos não conheciam, mas que passaram a lhe desejar algo comum: a sua saúde de volta.
A lição que a Júlia nos deixa é a de solidariedade, que mesmo com o mundo errado do jeito que está, ainda encontramos aqueles que param para sentir a dor do outro. Hoje os pais, a família e todos esses que acompanharam esse dilema choram juntos. Apesar disso, hoje o milagre somos nós que ficamos e precisamos continuar.
Como bem disse a cantora Eyshila numa música após perder seu filho “A dor não mata se Deus está presente, só quem caminha com Ele entende o valor de uma lágrima derramada no altar da dor, enxugada pelas mãos do consolador. Se Ele quiser, Ele ressuscita mortos, Ele faz o impossível, Tudo porque Ele é Deus. Mas se Ele não quer, que aconteça do meu jeito, eu declaro que eu aceito e agora o milagre sou eu”.
Que o Espírito Santo Consolador dê o refrigério a todos nós, que hoje choramos a perda da pequena Júlia…