Era o primeiro dia de férias de Fernanda Damian de Almeida, de 30 anos, e de Luiz Taliberti Ribeiro Silva, de 31 anos, que vieram da Austrália para contar à família a gravidez da moça, que já estava no quarto mês de gestação. Noivos desde outubro do ano passado, o casal ficou hospedado na Pousada Nova Estância com familiares, em uma área de mata em Brumadinho, e planejavam conhecer o Instituto de Inhotim.
A última mensagem de Fernanda no Whatsapp foi às 11h05, quando avisou ao pai que havia chegado bem em Belo Horizonte na sexta-feira, 25, o mesmo dia do rompimento da barragem de Brumadinho, vizinha do Instituto e da pousada. Após esse horário, Fernanda não deu mais notícias. No começo da tarde do mesmo dia, a pousada foi destruída pela lama.
Não houve tempo para retirar funcionários e hóspedes da pousada Nova Estância. A pousada fica muito próxima da barragem da Vale – a cerca de 200 metros. Após o rompimento da barragem, o mar de rejeitos passou exatamente pela rota do hotel. Moradores da região estimam que cerca de 30 pessoas, entre hóspedes e funcionários, estão desaparecidas.
A lista de desaparecidos divulgada pela mineradora Vale, responsável pela barragem que cedeu em Minas Gerais, ainda mostra Fernanda entre os desaparecidos. Luiz, no entanto, já é uma das vítimas que foi identificada pelo Instituto Médico Legal (IML): o arquiteto esperava por seu primeiro filho, Lorenzo, e estava ‘radiante’ com a gravidez.
“A Vale matou meu filho. Há quatro horas fomos avisados que encontraram o seu corpo. Mas, a sirene não tocou. A gerente da pousada nos contou que todos estavam muito preparados para emergência e rotas de fuga. Em cinco minutos todos estariam seguros. Mas a sirene não tocou. Como a sirene, estamos em um silêncio de dor”, lamentou em redes sociais o padrasto do garoto, Vagner Diniz, que foi até o município de Brumadinho para tentar localizar as vítimas.
Da Veja