Por Lazaro Albuquerque de Matos
Duque Bacelar – MA
Na eleição para prefeito no ano de 2008, o “Agora Vai” de Castelo terminou levando-o à prefeitura no segundo turno. O mote foi tirado das derrotas de Castelo nas eleições anteriores, quando ele disputava o mesmo cargo e não se elegia. O mote embalado em agora vai, sensibilizou o eleitor, que fez daquela eleição a viagem pretendida por João Castelo: eleger-se prefeito de São Luís.
Logo após o 2º turno, em 2008, com Castelo leito, publiquei uma crônica no Jornal Pequeno com o título “Agora foi…” abordando aspecto da eleição ganha naquele ano, do “Agora é Castelo” de 1990, quando concorreu para governador, bem como outros temas relacionados à sua carreira política, pois dela participei em 1986 e 1990, como coordenador de campanha em Duque Bacelar.
Empossado no cargo de prefeito, em janeiro de 2009, Castelo embaralhou-se em um perfeito dilema trazido à sua administração: o cumprimento das promessas de campanha, e harmonizar o grupo político que o ajudou a se eleger, sedento por cargo, que era esse grupo. Cumprindo uma promessa aqui, prometendo cumprir outra ali, foi tocando em frente sua administração. Na harmonia do grupo, a coisa foi diferente: botava um aqui, tirava outro dali, enquanto outro pedia para sair, aborrecido com o pouco que lhe foi dado. Isso trouxe um grande desconcerto à administração que se iniciava com uma grande expectativa de realizações, o que fez encher o prato da mídia oposicionista.
Flávio Dino, que perdeu a eleição no 2º turno, mesmo não se conformando com a derrota – entrou com duas ações na Justiça Eleitoral, querendo tirar o mando de Castelo – mostrou-se decente com a administração do vitorioso. Se não ajudou, parece que não atrapalhou. Só se voltou contra Castelo novamente agora na eleição de 2012, quando elegeu seu candidato contra o próprio Castelo.
De olho – e sempre de olho – na prefeitura de São Luís, o tormento de Castelo foi o grupo Sarney, por meio do sistema de comunicação pertencente a ele. Nada projetado por Castelo servia para São Luís. Bom mesmo, só as obras que o governo do estado fazia na cidade. Castelo era ainda acusado de embargá-las para que não fossem feitas. Tudo no intuito de criar desgaste para o prefeito em sua reeleição. Não há imagem que resista a tanta destruição. Todo o noticiário da televisão do grupo era aberto e encerrado mostrando fatos negativos para a administração de Castelo, enquanto a rádio passava o dia todo repetindo o assunto nos programas direcionados para isso. No jornal, não era diferente: as manchetes não deixavam por menos. E tome crítica, para que chegasse a todas as camadas da população. O objetivo disso: o lançamento de um candidato do grupo para derrotar o prefeito.
De tanto mirarem Castelo, a pólvora do tiro sapecou a cara de quem fez o disparo. Pensando que João Castelo, bem atingido em sua imagem de administrador, e sem força política, o grupo Sarney elegeria pela primeira vez o prefeito de São Luís. Assim, escolheram um poste para candidato, só por ser do PT, pensando que o Lula e a presidente Dilma viriam elegê-lo. Imploração nesse sentido não faltou, mas, pelo peso do poste, o Lula e a presidente viram que não o levantariam. Preferiram ficar só com o poste de São Paulo, que foi eleito, a serem derrotados junto com a governadora. Com a culatra quebrada, o grupo botou a arma no chão, com o seu candidato em 4º lugar.
O inteligente Flávio Dino deixou de ser candidato, com uma eleição garantida para apoiar outra pessoa e ganhar com ela, aproveitando o desgaste de Castelo, produzido pela mídia do grupo Sarney. Abriu, com isso, seu caminho para 2014, sem passar pelo desgaste de exercer um mandado de prefeito com pouco tempo de duração, quando seria obrigado a renunciar para ser candidato a governador.
O arrependimento quando chega faz chorar, diz uma música popular. Acho que ele bateu à porta do grupo Sarney depois da eleição. Lendo o jornal do grupo, há poucos dias, vi sinal de choro: alguma coisa elogiando uma avenida construída por Castelo, ligando o Calhau a outros bairros, e dizia que a assessoria do prefeito não soube divulgar o trabalho dele, para que ele fosse reeleito. Só viram isso depois da eleição. O próprio jornal, antes, fez muito bem, pelo o avesso, a divulgação do trabalho do prefeito João Castelo, para alcançar o objetivo desejado pelo grupo: eleger o prefeito da capital. Mas o esperado não veio. A eleição de Edivaldo Holanda Júnior, com o apoio de Flávio Dino, o grupo Sarney não queria nem pensar nisso.
Agora, Castelo não foi, mas o grupo Sarney viu surgir no seu caminho uma pedra que vai impedir seu candidato a governador ir em 2014: a força política de Flávio Dino em São Luís e outros grandes municípios do estado. O que impediu Castelo ir não o foi sua administração. Nela, há muitas obras que reelegeriam o prefeito. O que impediu sua ida foi uma bem articulada desagregação política do seu grupo. Há um ano, por exemplo, até o prefeito eleito fazia parte do grupo de Castelo, juntamente com o vice e um bando de vereadores e deputados que o abandonaram.