A crise que assola o grupo Sarney…

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Sarney com prestígio mas sem poder; Roseana e Lobão estão fragilizados
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João Alberto e Sarney Filho estão inteiros; Ricardo Murad tenta comandar

A grande pergunta que se faz hoje no meio político é a seguinte: o Grupo Sarney vai sobreviver? Têm sido muitas as tentativas de responder, mas as respostas encontradas até agora não satisfizeram, pelo simples fato de que o cenário político do Maranhão passa por um intenso e turbulento processo de mudança, que alcança os grupos políticos como um todo. Não há dúvidas de que a corrente que tem o ex-presidente José Sarney como referência maior saiu destroçado das últimas eleições, quase sem forças e com seus líderes maiores amargando o enfrentamento de graves e complicados problemas. Daí ser absolutamente imprevisível o futuro imediato daquele que já foi o grupo dominante na vida política maranhense.

A cadeia de problemas começa com o desgaste e a limitação das suas principais lideranças. José Sarney continua sendo um político influente, um craque em articulação e figura de proa do seu partido, o PMDB. Também é fato que alimenta com indiscutível maestria e incomparável habilidade uma ampla rede de relações nas mais diversas esferas do mundo político e institucional, com a diferença de que agora não detém poder efetivo, como um mandato de senador, por exemplo. E como as relações políticas têm por base a troca envolvendo fatias de poder, o ex-presidente encontra hoje dificuldades para segurar aliados.

A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e o senador Edison Lobão (PMDB) vivem uma situação ao mesmo tempo delicada e angustiante, e com desfecho imprevisível. Denunciados pela Operação Lava Jato como supostos envolvidos no esquema de corrupção que abalou as bases da Petrobras, os dois travam no momento uma guerra sem trégua no tapetão, onde tentam convencer a Justiça de que estão sendo injustiçados pela Procuradoria Geral da República. Na segunda-feira, o exemplo, o procurador geral da República, Rodrigo Junot, deu parecer contrário ao pedido deles e de outros denunciados para que a denúncia que os atinge seja arquivada por falta de consistência e de provas. Ontem, em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da petrolífera, Paulo Roberto Costa, confirmou o que dissera em relação aos dois, o que é um fator complicador nesse momento. Se o ministro-relator Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmar os inquéritos que os envolvem, a situação da ex-governadora e do senador e ex-ministro se complicará de vez.

A guerra que Roseana e Lobão travam para sair ilesos da Operação Lava Jato não os permite assumir responsabilidades políticas e partidárias. Os dois estão sob forte pressão, focados nos movimentos da PGR e da Polícia Federal e dos seus advogados, não dispondo de espaço para se dedicar ao que o grupo está mais carecendo neste momento: a articulação. Roseana não dispõe de um só naco de poder nas três esferas, o que a deixa de mãos atadas. Vive a ex-governadora uma situação bem diferente da que viveu quando perdeu o poder para Jackson Lago (PDT): foi se refugiar no paraíso político que é o Senado da República, onde exerceu as tarefas de líder do Governo no Congresso Nacional e de onde só saiu para assumir o comando do Estado com a derrubada do governador pedetista.  A realidade hoje é outra, adversa e sem horizonte definido.

Por seu lado, mesmo desfrutando do mandato de senador, Lobão vive uma situação desconfortável. A denúncia que o alvejou, reafirmada ontem pelo delator Paulo Roberto Costa, e que ganhou mais peso por causa da sua situação de ex-ministro de Minas e Energia – chefe institucional da Petrobras -, tirou-o do eixo político que sempre o manteve como um dos pilares do Grupo Sarney. Hoje, a impressão dominante é a de que o ex-deputado federal, ex-governador, ex-presidente do Senado e ex-ministro cumpre o seu último mandato, o que desanima os seus seguidores mais fiéis, que correm o risco de dispersão. Por isso, dificilmente o senador entrará para valer nos preparativos para as eleições municipais enquanto não tiver definido o seu futuro pelo STF.

Dos líderes maiores do Grupo Sarney, dois permanecem inteiros: o senador João Alberto (PMDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV). João Alberto, em que pesem os esforços que faz para manter o grupo com a coesão possível, enfrenta problemas que ameaçam a unidade do PMDB, como os movimentos do ex-deputado Ricardo Murad, que sonha as sumir o controle do partido.  Sarney Filho, que faz uma carreira paralela como militante do PV, do qual é um dos líderes nacionais, mas com visíveis sinais de fadiga. Para sucedê-los, uma nova geração em formação: o deputado federal João Marcelo Sousa e os deoutados estaduais Roberto Costa, Adriano Sarney, Edilázio Jr., Andrea Murad, Nina Melo, Alexandre Almeida e outros já na estrada.

Esse cenário no qual foi destroçado nas urnas não significa que o Grupo Sarney está morto. Mas as suas perspectivas não são nada alvissareiras.

D Blog do Ribamar Corrêa

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