Ponto de Vista – Por Magno Bacelar: Difusora AM sai do Ar

Houve um tempo, não muito distante (anos 50-70), em que a Radio Difusora do Maranhão foi o veículo de comunicação mais importante do Estado, talvez, do nordeste brasileiro.

Sem telégrafo, telefone, televisão, satélites, internet e tantos outros veículos modernos, o único elo de ligação do homem interiorano com o resto do universo eram as ondas sonoras do rádio. Locutores transformavam-se em ídolos e ícones para milhares de pessoas isoladas e sedentas de notícias e conhecimentos. Novelas radiofônicas tornaram célebres autores e interpretes, ídolos imaginários.

Dentre as funções que eu assumiria ao regressar formado a São Luís, pontificava dirigir a Rádio Difusora, símbolo da audácia e competência de Raimundo Bacelar, um homem de Coelho Neto. Transmitindo em ondas curtas, tropicais e médias, a emissora cobria área imensurável e alcançava países europeus e africanos justificando a existência do programa “Difusora Internacional” e um departamento encarregado de responder cartas recebidas de todo o Brasil e recantos inimagináveis do mundo.

Dotada de equipamentos avançados dentre os quais veículo equipado para transmissões externas que imortalizaram o repórter J. Alves. As instalações físicas sofisticadas e luxuosas além de grande auditório impressionavam e atraiam visitantes e turistas. Os mais famosos artistas nacionais semanalmente se apresentavam em São Luís. Programas memoráveis alegraram as manhãs de domingo, abriram portas para jovens talentos locais e celebrizaram nomes como Audi Dudman, Lima Junior e tantos outros.

No decorrer da semana as portas se abriam às cinco horas da manhã com o inesquecível “bom dia cumpadi”, fraterna ligação entre a cidade e o campo. Caboclos vinham de longe para conhecer os apresentadores e permanecendo horas a admirá-los. Traziam presentes e chegavam ao êxtase quando tinham os nomes mencionados ao microfone. Dentre outros, o programa consagrou Almir Silva e Jairzinho que chegou a vereador de São Luís e deputado estadual.

“Quem manda é você” de Zé Branco e “Correio musical Eucalol” com Zé Joaquim campeões de participação popular e cartas recebidas completavam a audiência esmagadora das manhãs que culminavam com “A Difusora Opina” criação do imortal poeta Bernardo Almeida, deputado estadual, diretor e um dos fundadores da Emissora.

Às dezesseis horas a sintonia estava “Debaixo do Pé de Cajueiro”. Música nordestina e “causos acunticidos”, (cultura popular e puro folclore). A Hora do Angelus (18 horas) encerrava as atividades diurnas com Ave Maria radiofonizada. O “Correio do Interior”, carro chefe da utilidade pública e audiência, espécie de Whatzapp aberto e sonorizado para o mundo. O homem interiorano comparecia à rádio escrevia seu recado e, muitas vezes, esperava para assistir à leitura feita por dois excelentes locutores que se alternavam a cada texto; o programa chegava a durar mais de uma hora. Ouvintes esperavam ávidos para se divertir com a singeleza e sinceridade dos recados. Exemplo: caboclo vinha da baixada observar o mercado da carne e orientar o momento oportuno para mandar gado para abate e dando origem a perolas de avisos como este: “atenção Manoelzinho, não mande vaca agora, negócio boi mole”.

Seria injusto omitir a qualidade dos noticiários, a posse do presidente Kennedy foi coberta pela Difusora, e a qualidade dos locutores que eram criteriosamente selecionados para chegarem aos microfones. Por oportuno e Justiça devo mencionar a participação das mulheres na composição do elenco da Difusora, e o faço na pessoa de Maria Falcão que por capacidade, pertinácia e brilhantismo se fez presente.

Não foi para lamúrias que escrevemos este texto, a eliminação das emissões de longo alcance faz parte do Plano Nacional de Radiodifusão e da segurança Nacional.

A lembrança histórica já registrou a importância e qualidade dos serviços prestados, pela Difusora AM, ao Maranhão e ao Brasil por mais de meio século.

*Dr. Magno Bacelar é advogado e exerceu os cargos de deputado estadual, deputado federal, senador da república, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho Neto.

Ponto de Vista – Por Dr. Magno Bacelar: Esse santo quer reza…

Dr. Magno Bacelar: sempre preciso na escrita

 

 

Quantas vezes você já se perguntou, o que o Magno está pretendendo? Sempre presente, emitindo opiniões e comentários sobre fatos e acontecimentos do nosso dia a dia? Quais as verdadeiras intenções? Estará a serviço de alguém? Por ventura este velho ainda pensa em pedir nosso voto? Não basta tudo que já fizemos por ele? Será apenas mera falta do que fazer? São dúvidas e questionamentos que povoam a curiosidade dos meus queridos conterrâneos…

Nunca fui chegado a mistérios e suspenses. A resposta é simples, singela como as coisas que, de tão puras, transformam-se em poesia. É por acreditar que semeando amor, otimismo, esperança e fé, estarei colaborando para a paz, respeito mútuo e menos sofrimento.

 No que pese a forte e justa aversão aos políticos eu os reverencio por entender que política está na essência do ser humano, cabe ao eleitor separar o joio do trigo. Aposentei-me por decisão lógica e nada mais me atrai nesta área. Os votos que tive a honra de receber, em disputas memoráveis para deputado estadual, federal prefeito, e senador tornaram-me um dos grandes vitoriosos na história política do Maranhão. Tornaram meus eleitores os maiores credores de minha eterna gratidão. Continuo envolvido e me imiscuindo na coisa pública por vocação e amor, sou torcedor fervoroso e incorrigível do bem-estar dos meus semelhantes. Combater o bom combate foi a missão que elegi para mim. Nada de disputas por votos ou preferencias.

 Como todo idoso, 80 anos, arquivei muitas lembranças, conquistas e gratidão. Deletei erros e tempo perdido. Rancor e ódio, sequer anotei. Nada de frustrações, lutei com muita garra por tudo aquilo em que acreditei. Obstinado pela causa educacional, ocupei a Secretaria de Estado da Educação, ajudei a criar e presidi a Fundação de TV Educativa e fundei o segundo colégio de ensino médio da Capital; presidi as duas Comissões de Educação na Câmara Federal e Senado da República.

 Não fiquei preso ao passado, confiante tenho os olhos voltados para o futuro. De mãos limpas e estendidas a todos aqueles que creem e estão dispostos a lutar por novas conquistas e um horizonte mais amplo. Naquilo que escrevo ou opino me empenho em transmitir confiança, fé e convicção, sobretudo aos jovens nos quais acredito e aposto todas as minhas fichas. Falta-lhes apenas uma palavra de compreensão e incentivo.

 Escrever mantém viva a chama que, mesmo à distância, o tempo não consegue apagar do meu peito. A REZA é para que me aceitem como parceiro e seguirmos em frente apoiando jovens e adolescentes, aplaudindo seus feitos enquanto eles constroem o futuro que desejamos e ainda não alcançamos.

*Dr. Magno Bacelar é advogado e exerceu os cargos de deputado estadual, deputado federal, senador da república, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho Neto.