Sarney 90 anos – o fiador da transição democrática

Sarney 90 anos – o fiador da transição democrática

No dia de hoje, o ex-presidente José Sarney completa 90 anos, 60 dos quais dedicados à vida política e ao povo brasileiro.

Foi presidente da República (1985-1990); senador por cinco mandatos (1971-1985 pelo Maranhão e 1991-2015 pelo Amapá); presidente do Senado Federal por três vezes; governador do Maranhão (1966-1970) e deputado federal pelo mesmo estado (1955-1958 como suplente e 1959-1965 como titular). Ninguém, na história do país, exerceu, por tão longo período, mandato conferido pelo voto popular.

Elegeu-se para a Câmara dos Deputados contra o establishment da época, encarnando o anseio por renovação. Na UDN, comandou o Bossa Nova, movimento de oposição aos veteranos do próprio partido cujo lema era o desenvolvimento com justiça social.

Vale lembrar, por ocasião dos 60 anos de Brasília, que Sarney foi favorável à construção da nova capital, contra a opinião de muitos de seus pares e as diretrizes de seu próprio partido. Compreendia que o deslocamento da capital para o centro do país ampliaria as fronteiras do desenvolvimento nacional e realizaria importante estratégia de geopolítica internacional, por viabilizar a proteção da Amazônia.

Após a morte de Tancredo Neves, José Sarney, o vice eleito, assume a Presidência da República e a responsabilidade pela implantação da Nova República. Soube dialogar com diferentes forças políticas, das alas mais à esquerda às lideranças militares. Apaziguou ânimos e evitou irrupções. Promoveu, assim, a estabilidade política necessária à continuidade do projeto democrático.

Em 1985, em meio ao renascimento dos movimentos sociais, Sarney enfrentou mais de 500 greves. Não obstante, restituiu as liberdades públicas ao povo: convocou a Assembleia Nacional Constituinte, restabeleceu os partidos que estavam na clandestinidade, conferiu liberdade aos sindicatos, garantiu o voto aos analfabetos e pôs fim à censura.

Em seu mandato, foi promulgada a Constituição de 1988. Em suas palavras, representava o “grande e novo pacto nacional, que far[ia] o país reencontrar-se com a plenitude de suas instituições democráticas”. Ao Judiciário, caberia uma das mais importantes tarefas, a de “descobrir a alma da Carta”.

Sarney promoveu também a aproximação entre Brasil e Argentina. Em 1985, assinou com o presidente da Argentina, Raúl Alfonsín, a Declaração de Iguaçu. Selou-se ali um dos mais bem-sucedidos tratados de cooperação nuclear do mundo, o embrião do Mercosul.

O Presidente Sarney nos legou um país capaz de gerir sua volumosa dívida externa, graças a medidas de modernização da administração orçamentária como a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, que possibilitou a unificação do Orçamento geral da União. Não fosse essa iniciativa, é provável que não tivéssemos hoje a Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Na sua longa caminhada como homem público, Sarney nunca descurou da família, à qual sempre dedicou amor, carinho e atenção. Também nunca deixou de cultivar boas amizades, muitas delas com intelectuais do mundo todo.

Poeta, romancista, contista e ensaísta, José Sarney é da estirpe dos intelectuais maranhenses que remonta à São Luís do século 18, a “Atenas brasileira”. Integra a Academia Maranhense de Letras desde 1952 e a Academia Brasileira de Letras desde 1980. Durante 20 anos ininterruptos, escreveu crônica semanal para o jornal Folha de S.Paulo.

A biografia de Sarney traz muitas lições para o momento delicado pelo qual passamos. Ele sempre escolheu o caminho do diálogo, da conciliação e da manutenção da institucionalidade, em prol do bem maior que é a democracia. Disse ele: “[m]inha contribuição, a maior de todas, foi não ter deixado a democracia morrer nas minhas
mãos. Que ela se consolide, dê frutos, faça a felicidade do povo e seja forte para resistir a perigos”.

Em seu aniversário, é preciso ouvir nosso presidente da transição democrática. Ainda que nos tempos mais complexos, não há solução possível fora do Estado democrático de Direito. Não há caminho sem respeito à Constituição, nosso pacto fundante e nossa guia. Urge que exercitemos a serenidade, a capacidade de diálogo e o espírito conciliatório, para o bem do país e da democracia.

Parabéns, presidente José Sarney!

VIDA E TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOSÉ SARNEY

Nascimento
José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasce em 24.abr.1930, em Pinheiro (MA)

Formação
Conclui em 1953 o bacharelado na Faculdade de Direito do Maranhão

Primeiro cargo eleito
Em out.1954 elege-se quarto suplente de deputado federal pelo Maranhão, então no PSD (Partido Social Democrático). Em 1956 e 1957, chega a ocupar uma cadeira na Câmara por curtos períodos de tempo

Professor
Em 1957 começa a dar aulas na Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica do Maranhão

Deputado
Elege-se deputado federal em out.1958, já na UDN (União Democrática Nacional), partido conservador do qual seria um dos principais líderes

Governador
Em out.1965, com o apoio do marechal Castello Branco, primeiro presidente da ditadura militar, elege-se governador do Maranhão. No mesmo ano, adota legalmente o nome José Sarney, referência ao pai, Sarney de Araújo Costa

Partido governista
Pouco após a eleição para o governo maranhense, é instituído o bipartidarismo no Brasil. Sarney ingressa na sigla que dá sustentação ao regime militar, a Arena (Aliança Renovadora Nacional)

Senado
Em 1970, é eleito para o primeiro mandato de senador, cargo que manteria até 1985

Imortal
Autor de mais de uma dezena de livros, entre romances, contos, poesia e ensaios, é eleito em 1980 para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras

Vice de Tancredo
Uma complexa articulação coloca Sarney como vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, do PMDB, opositor da ditadura, na votação indireta realizada pelo Colégio Eleitoral em 15.jan.1985

Presidente
A internação de Tancredo para uma cirurgia na véspera da posse, em 15.mar.1985, faz com que Sarney assuma interinamente a Presidência. Com a morte de Tancredo, em 21.abr, Sarney assume em definitivo. Seu governo é marcado, no campo interno, pela hiperinflação e sucessivos planos econômicos fracassados, e no campo externo, pelo estreitamento de relações com a Argentina que cimentaria as bases para o Mercosul

Volta ao Senado
Sarney deixa a Presidência em 1990. Após falhar em articular sua candidatura a senador pelo Maranhão, consegue se eleger pelo Amapá, ex-território alçado à condição de estado naquele ano. Permanece no Senado até 1º.fev.2015, um ano após anunciar que não tentaria a reeleição. Foi presidente da Casa em três ocasiões: 1995-1997, 2003-2005
e 2009-2013

Dias Toffoli
Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça

Sarney festejará os 90 anos com festa e autobiografia de 800 páginas

Sarney festejará os 90 anos com festa e autobiografia de 800 páginas

José Sarney faz 90 anos no dia 24 de abril e uma série de homenagens estão sendo preparadas para celebrar a data — ele é o mais velho entre os presidentes brasileiros vivos. Depois dele vem Fernando Henrique Cardoso, que completa 89 em junho.

FESTA

O Congresso Nacional fará uma sessão solene. Vai ainda abrigar uma exposição sobre a carreira literária de Sarney, além de exibir um documentário. Ele será homenageado pela Academia Brasileira de Letras e pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

ESTANTE

Dois livros devem ser lançados sobre o ex-presidente: “Sarney: 60 anos de Política”, do cientista político americano Ronald M. Schneider, e “A Receita de Sarney: Recessão Não”, do jornalista José Augusto Ribeiro.

MINHA HISTÓRIA

O próprio ex-presidente tem uma autobiografia pronta, de 800 páginas, chamada “Boa noite, Presidente”. Mas ele não publicou. Diz seguir conselho do ex-presidente Ernesto Geisel, segundo o qual ela não pode ser publicada enquanto o biografado está vivo.

SOBRE TUDO

Ele atualmente escreve um livro sobre a política brasileira, “O Brasil no seu Labirinto”, e um romance, “O Solar dos Tarquínios”.

Via MÔNICA BERGAMO

Assembleia do MA aprova homenagem a Sarney

A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou ontem (21), por unanimidade, proposta do deputado Roberto Costa (MDB) pela realização, no ano que vem, de uma sessão solene em homenagem ao ex-presidente José Sarney (MDB).

A proposição visa a comemorar os 90 anos do emedebista, que serão completados em abril de 2020.

Ainda não há data definida para a realização do evento.

Do Blog do Gilberto Leda

Pedra 90: Irmãos Bacelar se reúnem para celebrar aniversário de Antônio Bacelar

 

Parte dos “Irmãos Bacelar” estiveram reunidos nesta sexta (12), em São Luís, para celebrar o aniversário de 90 anos de Antônio Bacelar.

Cercado de parte dos filhos e da sua primeira esposa Zilmar Bacelar, o ex-prefeito comemorou a nova idade num almoço no restaurante Cabana do Sol.

O aniversariante é o mais velho dos irmãos vivos. Dos demais irmãos estiveram presentes os ex-prefeitos Dr. Magno Bacelar e Dr. Afonso Bacelar, além de Dr José Bacelar, Luiz Bacelar e Flori Bacelar.

Perfil

Antônio Américo Machado Bacelar nasceu no dia 12 de outubro de 1928, no povoado Olho d´Agua Pequeno, zona rural de Curralinho, recebendo esse nome em homenagem ao Dia do Descobrimento da América.

Filho de Duque Bacelar e dona Maria Bacelar é o quarto filho dos 11 sobreviventes e hoje é o mais velho dos vivos. Foi prefeito de Coelho Neto, fundador e ex-prefeito de Afonso Cunha – cidade que foi chefe político por quase 40 anos.