Hoje, todos nos parabenizam (dos governantes às pessoas mais simples), felicitam, jogam flores, soltam palavras lindas (cada uma mais bela que a outra), consideram-nos um ser sem diferenças, porque é 08 de março, Dia Internacional da Mulher, que se consagrou com a luta das tecelãs de Nova Iorque. No entanto, amanhã (digo nos outros 364 dias do ano), voltam a reinar o machismo, o desrespeito, as distinções, a discriminação, o preconceito, os casos de espancamento, estupros, tudo que nos humilha, etc. Eu queria, ou melhor, todas nós queríamos ser tratadas, no dia-a-dia, com todos os reconhecimentos e méritos que se fazem nesta data. Essa seria a nossa maior conquista!
O machismo, infelizmente, ainda nos julga como seres inferiores e a gente sente isso em situações básicas do dia-a-dia. Eu, por exemplo, vou confessar aqui que sofri e ainda sofro discriminação na blogosfera política maranhense, a partir do momento em que me inseri em um espaço que os homens achavam que era somente deles. Quebrei essa grande barreira. Depois de mim, vieram outras e que venham mais!
Trago o tema da própria blogosfera política maranhense para exemplificar que há diferenças, sim, no tratamento a homens e mulheres no aspecto profissional. Por exemplo, se há anúncios para serem veiculados, parcerias para esta área, oferecem um preço bem menor quando se trata da ala feminina, isso quando há algum tipo de valorização. A banda masculina tem sempre todo o apoio, ao contrário do outro lado que batalha, que se vira em diversos empregos para se manter, inclusive, em seus blogs. Nós, blogueiras de política, precisamos vencer isso! Fico feliz por eles, porque não sou egoísta, mas nós temos que ser equiparadas, já que hoje há a teoria dos “direitos iguais” que já deveria ter entrado na prática.
O que é ser mulher de verdade?
Ser mulher de verdade é ter coragem de reivindicar, de não aceitar a discriminação, o preconceito, o machismo, a humilhação, as diferenças, de não baixar a cabeça diante das barreiras, assim como fizeram as tecelãs norte-americanas que, para conquistar direitos, foram ao extremo, deram a vida. E é preciso que tenhamos esta força, porque, apesar das frases bonitas e dos reconhecimentos de hoje, ainda há muita pedreira para se quebrar.
Observamos muito falar em conquistas com a independência financeira, o trabalho, a autonomia, etc, mas muitas alcançaram esses direitos e pagam caro por isso até hoje. Quando chegam à casa, cansadas, têm que cuidar das coisas dos filhos, do lar e dos maridos. Eles, em sua maioria, ainda acham que serviço doméstico ficou para a mulher, do contrário “é coisa de gay”. Abomináveis as criaturas que acreditam e praticam isso!
E o que não dizer das diversas reações preconceituosas e machistas quando mulheres sensualizam, usam roupas mais femininas, enfim? Isso não pode ser razão, motivo para serem molestadas, estrupadas, violentadas, etc. A sensualidade está em nossa áurea, isso não deve ser encarado como ridículo, apelação ou convite ao sexo. Temos também esse direito e não devemos nos curvar ao machismo, ao preconceito, etc.
Desabafo! Não há mais motivos para me calar!
Eu sou neta de ex-lavradora e filha de ex-empregada doméstica, mulheres guerreiras, com muito orgulho. Não tenho pai, porque na época em que eu nasci a Lei não funcionava para obrigar a reconhecer paternidade. E ele, aquele que me gerou, simplesmente, como um covarde, um fraco, fugiu de sua responsabilidade. Esse é um desabafo mesmo! Não há mais motivos para me calar!
Por isso, você, mulher, não tenha medos. Se sofre algum tipo de constrangimento, denuncie, não fique calada, coloque a boca no mundo. Vamos à luta. Vamos nos unir para que os reconhecimentos do tão “festejado” 08 de março sejam praticados todos os dias realmente. Eu não me calo! Deus me deu língua, mãos e sabedoria para me expressar, reivindicar e não me curvar ao preconceito, ao machismo! Avante!
*Silvia Teresa jornalista, assessora de comunicação e titular do Blog da Silvia Teresa com sede em São Luís-MA.