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Votação de ministros foi quase unânime em favor de ação
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A decisão, tomada pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (8), representa um avanço na proteção às mulheres, de acordo com o relator da ação, ministro Marco Aurélio de Mello.
– Exigir da mulher a representação não é protegê-la, é deixá-la vulnerável. As estatísticas demonstram que em 90% dos casos em que há uma representação, há também um recuo. Aos 65 anos, eu não acredito mais em Papai Noel. Sem proteção, as mulheres desistem de processar seus agressores.
– Isso pode gerar maior violência por parte do parceiro opressor. O fato de sofrer ação penal não impede o parceiro de ser violento. Ele agora estará sujeito a uma situação em que se vê nas mãos da mulher e pode tomar uma atitude mais violenta. E a mulher não poderá influir ou cessar a ação penal. Essa é uma decisão que significa a existência do núcleo substancial da pessoa humana, que é a responsabilidade pelo seu destino.
Ao ministro Ayres Britto coube rebater as possíveis tensões.
– Isso aqui protege a vitima não de seu agressor, mas se sua própria excessiva condescendência. A ação conduzida pelo Ministério Público tira a pessoalidade da questão. Deixa de ser um caso entre mulher e marido para ser uma ação do Estado contra o agressor.
Mais cedo, na fase da sessão que analisou a constitucionalidade da Lei Maria da Penha, a ministra Cármen Lúcia fez um desabafo emocionado e admitiu que já sofreu preconceito até mesmo na Corte Suprema.
Estatísticas
Segundo ela, a cada quinze segundos uma mulher é vítima de espancamento no país. Ainda pelos números apresentados, 92,09% da violência doméstica é praticada pelo companheiro e uma a cada seis mulheres têm medo da violência. Cerca de 30% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência.
– O dado espanca a tese de que a Lei Maria da Penha é discriminatória entre homem e mulher. Desigualdade seria se a Lei Maria da Penha valesse também para o homem, porque estaria nivelando aqueles que se encontram em desigualdade.