*Por Professor Toinho Araújo
Há alguns anos, escrevi uma crônica intitulada O PERFIL DO FACEBOOKEANO, que trazia algumas características identificadas por mim nas pessoas dessa rede social, detentoras das mais diversas personalidades.
Um desses grupos era o GPS, composto por membros que dão a cada instante o seu paradeiro, dizendo em detalhes onde estão e o que estão fazendo. Nomeio como representante maior dessa agremiação o meu irmão Euclides “Simplesmente” Filho, pois sem sair de casa, bastando apenas abrir a página dele, posso saber de tudo o que está acontecendo na cidade, a exemplo de festas, casamentos, batizados, missas, cultos, falecimentos… Até aí tudo bem, uma vez que faz parte do seu trabalho, do Portal Cnbambu. A excentricidade fica por parte de ser possível saber, ainda, entre outras minúcias, se lá na casa dele (da minha mãe e minha também) estão comendo peixe, ou em que lugar ele está com o Toinho da Cultura tomando um suco ou comendo um espetinho, ou se está batendo um bom papo com o queridíssimo Ricardo “Naúra”.
Bom, nesse contexto, em julho no ano passado, não só por meio do meu querido irmão, mas por intermédio de boa parte dos amigos do Facebook, era possível saber o que se passava no Corredor da Alegria, nos festejos de Sant’Ana, na nossa querida Coelho Neto – MA, pois fotos e mais fotos eram postadas em tempo real. Nesse Festejo, uma coisa chamou-me a atenção: como as pessoas gostam de pronunciar e escrever a palavra “Top”, termo que vem do antigo Inglês e significa “parte alta de”. A qualquer momento, eu topava com o “Top”. Ao vivo, quando saía, ou até pelos veículos de comunicação, como sites, portais e blogs, percebia que a expressão virou uma febre. Destaco algumas situações inusitadas em que encontrava o “Top”:
*Aquela já tradicional foto das moças fazendo “bico” na frente do espelho vinha sempre com a legenda: “Saidinha, Limão com Mel (ou outra atração qualquer), vai ser “Top””. E os comentários elogiosos ainda traziam os derivados do “Top”, como: “Topíssima”, “Topérrima”, “Toplinda”…
*Numa das vezes em que sai, vi e ouvi um bêbado deitado no chão segurando uma garrafa de cachaça e dizendo: “Oh! Festejo “Top”. Esse prefeito é “Top” mesmo, viu?!”.
*Como sou muito observador, vi também uma cidadã postar às 6h da manhã: “Amanhecendo o dia, Festejo encerrando, foi “Top””. E às 6h da tarde, como se tivesse acabado de acordar e pulado lá no meio, ela escreveu: “Festejo de Sant’Ana, uma multidão, procissão “Top””. Mas sei de que Deus é benevolente ao extremo e perdoa essas coisas.
Assim, constatei que, no contexto da Linguagem, somos meio papagaios, pois quando alguém fala algo que soa diferente e/ou jovial, todos passam a repeti-lo. Como professor de Língua Portuguesa da categoria dos chatos, com séria resistência à adesão de modismos linguajares, e mesmo sabendo de que não irão aceitá-los, vou oferecer alguns sinônimos categóricos para o “Top”: magistral, esplêndido, sensacional, impressionante, maravilhoso, perfeito, incrível, impecável, irretocável, encantador, indescritível, excepcional, espetacular, fantástico, irrepreensível, boníssimo, ótimo, excelente…
Usando uma expressão bem cabocla/maranhense: “Quando “dei fé” estava todo o mundo falando “Top””. Confesso que já me vi algumas vezes tentado dizer e escrever o tal de “Top”, mas me senti envergonhado e traindo a Bela & Culta (Língua Portuguesa). Acho que terei de aderir para não correr o risco de ficar na contramão, pois OH! POVO PARA GOSTAR DE FALAR “TOP”!.
* Antônio Ferreira de Araújo (Toinho Araújo), é Teólogo, Pedagogo, Letrólogo, Especialista em Docência Superior e Mestre em Ciências da Educação.