Como forma de implementar uma política de emprego e geração de renda voltada para o homem do campo, governo do estado investe na agricultura familiar no estado
O governador Flávio Dino lançou na última terça-feira (14) as Feiras de Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritecs), que serão realizadas, este ano, nos municípios de São Bento, Caxias, Açailândia e Bacabal. As feiras fazem parte da política do Governo do Estado para desenvolver a agricultura familiar do Maranhão, com trocas de experiências que melhorem a produção, a renda e a vida dos agricultores.
Segundo o secretário de Estado de Agricultura Familiar, Adelmo Soares, são espaços importantes para que os agricultores exponham seus produtos, comercializem e adquiram conhecimentos tecnológicos para aplicação em suas produções. Em entrevista, Adelmo Soares fala sobre a importância deste e de outros projetos que estão sendo implantados pelo governo Flávio Dino para alavancar a agricultura familiar no Maranhão.
O IMPARCIAL – Qual a importância das Agritecs para a agricultura familiar do Maranhão?
Adelmo Soares – As feiras têm papel fundamental de levar conhecimento aos nossos agricultores e agricultoras familiares. É uma vitrine tecnológica que visa e prioriza a capacitação dos técnicos em vários níveis, através das transferências de tecnologias da Embrapa, das experiências exitosas dos movimentos sociais que têm uma participação efetiva na troca dessas experiências. É uma oportunidade, salutar, importantíssima, um marco na agricultura familiar que vai ter uma feira exclusivamente voltada para o setor.
A primeira feira foi realizada em Caxias. Agora o governador quer beneficiar outros municípios, ampliando o acesso. Qual a expectativa de alcance nesses quatro eventos?
Somente em São Bento há a perspectiva de participação de 29 municípios, então é uma feira territorial. São 29 municípios do território de Campos e Lagos que participarão em caravanas de agricultores. É uma vitrine de exposição das ações dos municípios com a participação efetiva do governo. É o município mostrando para o outro o que faz, o que pode melhorar. Essa troca de experiência é, sem sombra de dúvida, o maior legado. A história da Agritec é um legado de conhecimentos que ficará na região.
Existem outras ações da SAF que têm perspectivas de levar conhecimento para o agricultor, como o projeto que usa tecnologia para aumentar a produção do feijão-caupi, por exemplo. Qual o benefício dessa iniciativa para o produtor?
As Unidades de Referências Tecnológicas criadas pelo pesquisador Carlos Freitas, da Agerp, com o suporte da Uema, favorece demais o agricultor. Queremos mostrar aos agricultores que é possível aumentar a produção, do feijão-caupi, da mandioca, e de outros produtos agrícolas. É essa a tecnologia que faltava. Assistência técnica não pode só pensar no extensionismo, mas também, nas tecnologias de transformação para o melhoramento da produção. Nessa tecnologia, é feita a inoculação de produtos benéficos na planta que aumenta a produção do feijão em cerca de 40%. É o conhecimento contribuindo na geração de renda e na melhoria de vida dos agricultores.
Quanto à assistência técnica, qual foi o cenário encontrado pela gestão atual e qual a perspectiva de mudança?
Encontramos um Maranhão com a menor proporção de assistência técnica por habitante: um para 900. Enquanto o MDA preconiza um para 100. O governador Flávio Dino determinou a contratação de 90 técnicos para atender nove mil famílias. Além disso, fizemos um esforço muito grande para dar continuidade, pela Agerp, que é vinculada à SAF, às chamadas públicas da agricultura familiar para assistência no Baixo Parnaíba, em Campos e Lagos, as chamadas públicas da Sustentabilidade e do Pacto Federativo que levam conhecimento para os agricultores. Com isso, já temos um diferencial. Estamos também reestruturando os escritórios da Agerp, um órgão abandonado porque não havia prioridade para levar assistência técnica e conhecimento aos agricultores. A chave para o desenvolvimento é o conhecimento. Se o Estado entra com a regularização das terras pelo Iterma, órgão também recuperado pelo governador Flavio Dino, com assistência técnica pela Agerp e o fomento estadual ou federal, isso faz com que o agricultor se desenvolva. Então nós acreditamos muito no conhecimento como base para o crescimento do estado.
O governo está implantando os Sistemas Integrados de Tecnologias Sociais, os Sistecs, no ‘Mais IDH’. Qual a importância desse projeto?
O legado da Agritec de Caxias foi o Sisteminha. Foi lá que a gente conheceu o projeto, que é o formato pelo Sistecs, que estamos implantando. Uma tecnologia simples, fácil de fazer, desenvolvida pela Embrapa, que deu muito certo no estado do Piauí. Nós observamos e levamos para o governador Flávio Dino, que determinou a implantação no Maranhão, no Plano de Ações ‘Mais IDH’. É o começo para o desenvolvimento porque atende, inicialmente, às necessidades de alimentação dos agricultores. Se o produtor não se alimentar, não tem como produzir. Então, inicialmente, é de subsistência, mas com o aperfeiçoamento, com a assistência técnica e a garantia da comercialização é uma grande e importantíssima fonte de renda para as famílias do Maranhão, que terão peixe, galinha, hortaliças, frutas, produtos no quintal de casa para consumir e vender o excedente.
A estratégia de desenvolvimento da agricultura familiar prevê aumento da produção com assistência técnica. E a comercialização? O que o Estado pensa para essa ponta do ciclo da agricultura familiar?
Nesta semana, na quinta-feira (23), realizaremos um Seminário que fala de um dos principais problemas encontrados na agricultura familiar, a inspeção sanitária e a comercialização. Anteriormente, a agricultura familiar para participar de compras institucionais do PAA e PNAE, havia necessidade de competir com o grande produtor que tinha uma estrutura bem maior. Hoje, existe uma visão diferenciada. Iremos realizar dois seminários importantes. O primeiro que cuida da sanidade e da certificação para que os produtos da agricultura familiar possam ser comercializados mais facilmente nas compras institucionais. O segundo, é sobre financiamento. Foi lançado o Plano Safra com estimativa de R$ 28 bilhões para o Brasil. Mas é preciso agirmos para esse recurso chegue aos agricultores. Vamos dar capacitação aos trabalhadores, condições, conhecimento, garantir o acesso deles ao banco.
Além do acesso, é preciso melhorar o valor médio dos contratos. No Maranhão, a média do Pronaf é R$ 5 mil e esse valor não muda a realidade do agricultor. Enquanto no Brasil inteiro é R$ 21 mil, aproximadamente. Queremos aumentar. Para isso, estamos investindo em projetos de capacitação, na certificação da sanidade dos produtos, dando condições para o nosso agricultor ter acesso ao banco e favorecer o seu empreendimento rural.
E as feiras de comercialização? Há também projetos nessa área?
Vamos realizar 29 feiras de comercialização dos produtos da agricultura familiar, com quantidade e qualidade. É uma meta do governo Flávio Dino diminuir importação de produtos básicos, que podem ser produzidos no estado. Precisamos parar de trazer produtos do Ceará. Estamos trabalhando para fazer com que o nosso agricultor produza adequadamente, no tempo certo, com produção escalonada e constante para que o a mesa do nosso consumidor possa sempre ter produtos da agricultura familiar do Maranhão.
A SAF está implantando o projeto Água Doce, qual a importância desse projeto para a agricultura familiar?
É importantíssimo. Conheço muito a região Leste do Maranhão, poços artesianos que foram cavados e deu água salobra, imprópria para o consumo humano. Então, o programa Água Doce transforma essa água salobra em água pura, potável e, mais que isso, o concentrado dessa água que é filtrada, é usado em tanques para criação de peixes, de tilápia. Como é um concentrado salgado, a tilápia se desenvolve muito bem nessa água e essa cadeia vai ainda mais além, a água dos tanques, quando o peixe é retirado para a comercialização, serve para irrigar uma planta chamada erva sal, a atriplex, que serve de alimento muito nutritivo para caprinos e ovinos. Então é uma cadeia. Você pega a água salgada transforma em potável, o concentrado você cria peixe, que gera renda, a água do peixe você cultiva a erva que alimenta os animais, que também se transformam em renda. É uma cadeia importante de desenvolvimento sustentável. E o Maranhão estava de fora, com R$ 27 milhões do governo federal destinados, mas que estavam parados. Fomos conhecer o projeto e levamos ao conhecimento do governador Flávio Dino que determinou a viabilização para implantarmos 150 sistemas de dessalinização no estado.
Além destes, a secretaria tem outros projetos que objetivam desenvolver a agricultura familiar?
Nós estamos estruturando uma secretaria que foi criada nesta gestão e há muito trabalho a fazer. Então, além das feiras e dos programas com o BNDES, MDS e MDA, existem ações de reestruturação do crédito fundiário, que estava há muito tempo abandonado, e depois de oito anos o Estado conseguiu reativar, com aquisição de terras para trabalhadores rurais, beneficiando as primeiras famílias, residentes do município de PIO XII. Continuamos abrindo caminhos para muito mais famílias que precisam de terra. Temos uma grande equipe, SAF, Agerp e Iterma, que estão focadas nas metas do governador Flávio Dino para mudar o Maranhão e melhorar a vida das pessoas. E o desenvolvimento da agricultura familiar é um dos caminhos para esse objetivo.
O Imparcial