Blog do Gilberto Lima – A indicação do jurista Torquato Jardim para o Ministério da Justiça do governo Michel Temer (PMDB) pode ter tido o aval de José Sarney.
Reconhecido como um dos maiores especialistas do país em Direito Eleitoral, Jardim foi advogado de Roseana Sarney (PMDB) em algumas causas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O novo ministro, empossado nesta quarta-feira (31) é crítico confesso da Operação Lava Jato. Jardim goza de bom respaldo nos tribunais, o que poderá garantir maior proteção política para Sarney, investigado na Operação por recebimento da propina durante a execução da obra de construção da Ferrovia Norte Sul, e por ter recebido junto com os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, ambos do PMDB, mais de R$ 70 milhões em dinheiro vivo desviados de obras da estatal Transpetro, braço logístico da Petrobrás.
Jardim é amigo de Temer há mais de 30 anos. Ele deixa do Ministério da Transparência para assumir a pasta da Justiça após a saída de Osmar Serraglio, envolvido em escândalo apurado pela Operação Carne Fraca.
O objetivo da dupla Sarney e Temer é reconquistar o comando da Polícia Federal (PF) para tentar se esquivar das investigações e dar mais fôlego ao governo Temer, alvo de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio Torquato Jardim já admitiu que estudará a substituição do atual diretor da PF, o delegado Leandro Daiello.
Em entrevista à revista Época, o novo Ministro da Justiça questiona a abertura de investigação contra Temer e defende o reexame no STF da competência do ministro Edson Fachin como relator dos inquéritos que investigam Temer e Sarney.
Sarney é apontado como o principal conselheiro de Michel Temer desde que foram divulgados os conteúdos da delação da JBS. Sarney tem articulado e orientado o presidente a tomar todas as medidas para garantir a permanência no mandato. Torquato faz parte dessa estratégia.
Um dos objetivos de Sarney articular a continuidade do governo Temer é a manutenção do seu grupo político no poder até as eleições de 2018, o que deve facilitar o uso da máquina federal na candidatura de sua filha Roseana.