Causou bastante estranheza a publicação recente do SINTASP, com uma comissão de servidores cobrando partilha de sobra de recursos do Fundeb em razão da pandemia.
Algo que não pode deixar de ser considerado logo de início é que alguns dos servidores da comissão e o blog no qual o assunto foi veiculado são de figuras de proa ligadas ao governo anterior. Isso tira a legitimidade do questionamento? Não, mas entra em conflito com a razoabilidade.
Ora, onde eles estavam que no final de 2020 não fizeram tal cobrança? Naquele período, o hoje presidente do Sintasp, Oberdan Lopes e sua diretoria, já haviam sido eleitos e não há registros de nenhum esforço naquela época que a “defesa dessa causa como se apresenta agora” havia sido sequer levantada. Da antiga composição do SINTASP – que teve seu presidente afastado, também não há qualquer registro a respeito desse tema.
Curiosamente, foi em 2020, no período de ápice da pandemia, que como aconteceu nos demais setores, a educação passou por vários meses totalmente parada e não houve manifestação destes em cobrar as sobras do Fundeb de 2020. Será que não sobrou? Ou não era interessante cobrar? O assunto tem razão de ser? Ou a cobrança é seletiva?
A realidade é tão delicada, que ao tomar posse em janeiro, o prefeito Bruno Silva já assumiu tendo que prorrogar o prazo dos contratos de 2020 para assegurar o término do ano letivo. Além disso, houve a implantação do ensino híbrido e bem diferente do ano passado, a educação funcionou, mesmo que não em sua totalidade.
Se os servidores e o próprio SINTASP colocarem os números na mesa e avaliarem a questão de forma racional, verão que a cobrança não tem fundamento algum, o que é pior, vão deixar pairar dúvidas na legitimidade dessa pauta, além de assumirem total parcialidade no pleito.
Perguntar não ofende: vão confrontar as duas realidades ou tratarão o caso com dois pesos e duas medidas?