MORRE, AOS 94 ANOS, O EX-DEPUTADO FEDERAL NEIVA MOREIRA

MORRE, AOS 94 ANOS, O EX-DEPUTADO FEDERAL NEIVA MOREIRA

Do Imirante
SÃO LUÍS – Morreu na madrugada desta quinta-feira (10), por volta de 1h, o jornalista e ex-deputado federal, Neiva Moreira. Ele deu entrada no Hospital UDI, na noite do dia 30 de março, com uma infecção respiratória. O quadro de saúde era grave segundo informações da assessoria do hospital. 
História
José Guimarães Neiva Moreira nasceu em Nova Iorque, no dia 10 de outubro de 1917. Órfão de pai aos seis anos, quando a família já se mudou para Barão de Grajaú, ele fez o primário nesta aquela cidade e iniciou o curso ginasial em Floriano, continuando-o no Liceu Piauiense, de Teresina, e no Liceu Maranhense, de São Luís.
Ao se transferir para São Luís, foi acolhido por Nascimento Moraes, que lhe propiciou moradia e lhe deu apoio no jornal Pacotilha. No início de 1942, Neiva Moreira viajou para o Rio de Janeiro, decidido a atuar na grande imprensa nacional, o que de fato conseguiu. Após trabalhar, como repórter free lance, no Diário de Notícias, ingressou nos Diários Associados, onde pertenceu aos quadros do Diário da Noite, d’O Jornal e da revista O Cruzeiro, fazendo a carreira de repórter político, destacado para diversas missões no Brasil e no exterior. Ainda no Rio de Janeiro colaborou em A Vanguarda, O Semanário, e fundou O Panfleto.
Em abril de 1950, ele voltou para São Luís e fundou e dirigiu o Jornal do Povo, do qual se tornou proprietário em outubro de 1952. Nesse mesmo ano de 1950, Neiva Moreira foi eleito deputado estadual, com votação consagradora, notadamente do eleitorado da capital, iniciou uma carreira que lhe conferiu, a contar de 1954, três mandatos consecutivos de deputado federal. Por sua atuação em diversas comissões, na liderança da Minoria, na Frente Parlamentar Nacionalista e na Mesa da Câmara, Neiva Moreira projetou-se como um dos mais combativos parlamentares brasileiros. Além disso, ele desempenhou papel fundamental na transferência da Câmara dos Deputados para Brasília.
Período militar
Cassado e preso em 1964, Neiva Moreira foi, inesperadamente, posto em liberdade, por decisão de um chefe militar. Em seguida, asilou-se na Embaixada da Bolívia, de onde, protegido por salvo-conduto diplomático, viajou para La Paz, iniciando um exílio de 15 anos, que o levou a residir no Uruguai, na Argentina, no Peru e no México. Em todos esses países, que ia deixando compelido pelo autoritarismo das ditaduras militares triunfantes, teve destacada participação na imprensa. Esteve, em missões jornalísticas, na Europa, na África e no Oriente Médio, oportunidades em que conheceu e entrevistou numerosos líderes políticos, e em que assistiu às festas de independência de Moçambique e de Angola.
Na Argentina (setembro de 1974), fez circular o primeiro número da revista Tercer Mundo, reintitulada Cuadernos del Tercer Mundo a partir do Nº 10 (publicado em julho de 1977, no México), e que até hoje mantém em circulação, com o título em português, sendo o mais antigo periódico brasileiro consagrado à causa dos povos pobres e excluídos.
Com o advento da anistia, retornou ao Brasil, fazendo seu reencontro com a pátria pelo Maranhão. De volta à política, filiou-se ao PDT – Partido Democrático Trabalhista, de cuja organização nacional e regional (no Maranhão) participou ativamente. Ele não foi eleito deputado federal em 1982, nem senador em 1986. Ainda assim, candidatou-se a deputado federal em 1990, conquistando uma suplência que lhe permitiu voltar à Câmara Federal, por algum tempo. Novamente candidato em 1990, obteve a primeira suplência da coligação PDT-PT e assumiu, como titular, o mandato de deputado federal em fevereiro de 1997.
Neiva Moreira, ainda, foi eleito deputado federal em outubro de 1998, com votação muito expressiva.
Produção intelectual
Grande parte da produção de Neiva Moreira se encontra nos periódicos nos quais trabalhou. Ele publicou: Fronteiras do mundo livre, em 1949; O Exército e a crise brasileira, em 1968; Modelo peruano, em 1973 (este livro foi reeditado em diversos países); Brasília, hora zero, em 1988 (depoimento sobre a transferência da Capital Federal para Brasília, trabalho em que o autor exerceu decisivo papel).

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