GASTÃO ENFRENTA PRIMEIRA CRISE NO TURISMO

GASTÃO ENFRENTA PRIMEIRA CRISE NO TURISMO


Do Blog do Décio


Brasília – Sem alarde, os principais articuladores políticos do Palácio do Planalto tiveram na semana passada que contornar uma crise entre a bancada do PMDB da Câmara e o ministro do Turismo, Gastão Vieira. A disputa, motivada por um desentendimento no preenchimento de cargos no segundo escalão da Pasta, chegou inclusive a ameaçar a votação do projeto que prorroga a Desvinculação das Receitas da União (DRU).


Não foi uma crise qualquer. No exercício da Presidência da República, estava o vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do próprio PMDB. A presidente Dilma Rousseff realizava uma viagem pela África, e o governo enfrentava uma crise política envolvendo o Ministério do Esporte e votações importantes no Congresso. Os pemedebistas rebelados ameaçaram, inclusive, boicotar a votação da proposta que mantém a DRU, principal prioridade do Executivo no Congresso.


“Houve uma crise. Não foi um sinal bom, então isso não pode acabar bem”, resumiu uma liderança do PMDB da Câmara.


A causa do estresse foi a nomeação de Suzana Dieckmann Jeolás e Jeolás para chefiar a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo do Ministério do Turismo. Os deputados do PMDB foram surpreendidos com a nomeação publicada no “Diário Oficial da União” no dia 19, pois haviam fechado um acordo com o governo de que um indicado da ala baiana do partido ocuparia a vaga. O cargo fora do ex-deputado Colbert Martins (PMDB-BA), que foi demitido depois de ter sido preso na operação da Polícia Federal que investigou irregularidades na Pasta.


Há alguns dias, Gastão Vieira enviou à Casa Civil as indicações de Fábio Rios Mota, o nome patrocinado pelos deputados baianos do PMDB, e de Suzana Dieckmann para o cargo. Quando perguntado pela Casa Civil quem deveria ser nomeado, o ministro afirmou que a escolhida era Suzana.


Os deputados do PMDB reagiram, fazendo chegar a Michel Temer o recado de que a bancada suspeitava que a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, também estaria envolvida na ação que afastara seu apadrinhado de um dos principais cargos do Ministério do Turismo. Gleisi então procurou o vice-presidente para mostrar a Temer os documentos trocados entre a Casa Civil e o ministério, os quais mostravam que a responsabilidade pela seleção havia sido apenas de Gastão Vieira.


Na sequência, Michel Temer procurou para desfazer o mal entendido o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara que já havia saído fragilizado da substituição de Pedro Novais no Ministério do Turismo por Gastão Vieira. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, entrou então em ação para negociar uma saída para a crise com o apoio da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e da própria Gleisi.


Gastão foi chamado ao Palácio do Planalto, e argumentou que decidira nomear Suzana Dieckmann, pessoa de sua confiança, porque queria dar um perfil técnico a uma secretaria que fora um dos principais focos das irregularidades investigadas pela PF. Ficou acertado que o nome indicado pelos parlamentares baianos ficaria com o cargo, mas a Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo seria desidratada. A área de cursos de profissionalização e capacitação técnica passará a ser subordinada ao gabinete do ministro. E ficará a cargo de Suzana Dieckmann, que será nomeada assessora especial de Gastão Vieira.


Na costura do acordo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), padrinho político do ministro do Turismo, também participou das conversas. No fim da semana, o problema foi solucionado. Permaneceram, no entanto, arestas entre o ministro e a bancada da qual o próprio Gastão Vieira fazia parte antes de ser escolhido pela presidente Dilma para substituir Pedro Novais.


Para os parlamentares, ficou reforçada a percepção que eles já tinham na época em que Vieira foi nomeado para o ministério: o correligionário é um representante de Sarney na Esplanada dos Ministérios, e não da bancada do PMDB da Câmara. “O Gastão vai ter que nomear [o indicado pela bancada] ou vai perder a sustentação política”, resumiu um influente deputado pemedebista, demonstrando que a bancada ficará atenta às próximas edições do “Diário Oficial da União” para ver se o acordo será cumprido.

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