*Blog do Linhares

Políticos que pretendem vencer têm fibra, essa é a realidade. Os exemplos estão aí aos montes para provar. Do moço José Sarney que enfrentou o poderoso Vitorino Freire ao jovem Flávio Dino que afrontou o gigantesco Sarney, a coragem e o brio quase sempre foram bem recompensados. Pena que andam em desuso ultimamente no Maranhão. E em tempos em que a covardia virou prerrogativa para demonstrar lealdade, são ainda mais escassos os exemplos de políticos corajosos. Mas, quis o destino que nesse fim de novembro de 2015 os admiradores da bravura política: Maura Jorge, prefeita de Lago da Pedra.

A maioria de vocês já deve saber do acontecido no último sábado (28) quando a prefeita da cidade foi impedida de falar em evento do governo do estado. Bem, a prática já é corriqueira: o “cerimonial” do governo despreza quem foi eleito e escolhe quem quer para falar. Alguns prefeitos já foram preteridos pelo governador em atos públicos. E uma boa parte o foi em detrimento de adversários políticos que não ocupam nenhum cargo político. Foram lá, discursaram nas atividades do governo e se promoveram para as eleições de 2016. Já os prefeitos nem convidados foram.

Isso mesmo! É o cerimonial do governo que determina quem é autoridade nos munícipios do interior do Maranhão, não as eleições municipais, não o povo. Grande “avanço” político, não é?

Torno a dizer: em tempos de covardia generalizada, não é de se espantar que o primeiro levante contra essa “modernização republicana” tenha tardado a acontecer.

Ao ser impedida de falar, a prefeita Maura Jorge fez diferente dos covardões que costumam choramingar em redes sociais e encomendar críticas em blogs e jornais. Resolveu abandonar o evento e fazer um discurso do lado de fora. Foi acompanhada por uma grande parte do público presente. Menos do genro, o secretário Neto Evangelista, que continuou ao lado de Dino.

Entre as várias implicações do acontecido, quero me ater a duas: a coragem de Maura Jorge e a, digamos assim, inibição de Evangelista em relação ao caso.

O fato é que a atitude de Maura pode render-lhe apenas o posto de adversária do governo. Contudo, e se a moda pega? Porque tenha certeza: o “cerimonial” vai continuar escolhendo quem é digno de falar ao lado do governador. E não é preciso ser gênio para saber: se for aliado, fala. Se não for, não fala. Se for Maura, fala ele querendo ou não.

A mesquinharia vista em Lago da Pedra pode ter saído pela culatra. Maura ganhou destaque regional e deve vir com fôlego extra para as eleições do ano que vem. E se seguir a toada, vai se tornar um problema em 2018. Já o genro…

Quando surgiu, Neto Evangelista era tratado como prodígio. Eleito deputado em 2010 aos vinte e poucos anos, já em 2012 participou das eleições da capital como vice-prefeito. Ganhou notoriedade e se gabaritou para disputar as eleições de 2016. Nascia um político que poderia herdar o legado de João Castelo.

No meio do caminho, para agradar a Flávio Dino, decidiu poupar o prefeito Edivaldo Holanda Jr das críticas. Logo em seguida voltou-se contra João castelo, responsável direto pela sua exposição na capital e no estado. Ao participar de votação em que o PSDB decidiu se Castelo poderia ou não ser candidato ao senado em 2014, Neto preferiu dar apoio a um candidato de outro partido. Mesmo que tivesse votado cem Castelo, a decisão não seria alterada e a vontade de Flávio seria feita. Mas, para mostrar lealdade ao futuro governador, que não queria ver o tucano candidato, preferiu seguir um caminho diferente do correligionário.

Ainda em 2014 foi chamado para assumir a poderosa Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Flávio Dino mataria três coelhos com uma só cajadada: agradeceria os esforços de Neto na eleição, o tiraria da disputa municipal abrindo o caminho para Edivaldo e deixaria uma vaga aberta na Assembleia para outro aliado, no caso Rafael Leitoa.

Durante o processo foi ventilada a possibilidade de que a SEDES seria desmembrada e que Evangelista perderia poder. O ainda deputado afirmou que se isso acontecesse, ele não aceitaria o convite. A SEDES foi desmembrada e grande parte de seu aparato foi levado para a Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), comandada pelo comunista Adelmo Soares continuou secretário.

No sábado o secretário assistiu catatônico ao que aconteceu com Maura Jorge. Para quem não sabe, Maura é mãe da esposa e é a principal cabo eleitoral de Neto Evangelista desde 2010. Passadas quase 48 horas após o ocorrido, Evangelista segue calado. Precisa falar mais?

Políticos como Maura e Neto, tão diferentes, vão seguir aparecendo e desaparecendo. No caso de Maura, sempre lutando pela glória e ocupando o espaço reservado aos fortes. No caso de Neto, apenas se conformando com as migalhas de políticos como Flávio.