Familiares e amigos do empresário e político maranhense Raimundo Bacelar participaram, sexta-feira, da missa de sétimo dia de seu falecimento, realizada na Igreja dos Remédios. Bacelar faleceu no dia 15, vítima de um infarto, no Rio de Janeiro, onde morava desde a década de 1970. Deputado estadual por três legislaturas, Raimundo Bacelar destacou-se também no setor de comunicação maranhense, e foi o fundador da Rádio e TV Difusora, que deram origem a um dos principais grupos de comunicação do estado. Ele deixou quatro filhos, netos, bisnetos e a esposa Marília Lopes Gonçalves Bacelar, com quem era casado há mais de 50 anos. A Prefeitura de Coelho Neto, cidade onde nasceu, localizada a 385 quilômetros da capital, decretou luto oficial de três dias por sua morte.
Estiveram presentes à celebração as filhas de Raimundo Bacelar, Ariadne Bacelar, Ana Luiza Bacelar e Rita Bacelar, os irmãos Afonso Bacelar e Magno Bacelar, o sobrinho Raimundo Bacelar, além de outros familiares, amigos e autoridades, todos muito emocionados.
Rita Bacelar falou da importância do pai para toda a família. “Ele foi uma pessoa forte e um líder que nos deu um grande exemplo de vida, fortaleza e que nunca desistiu dos seus sonhos. Ele era a base da nossa família e vai fazer muita falta para todos os que conviveram com ele”, afirmou.
O ex-senador e ex-deputado estadual Magno Bacelar destacou que o irmão era um realizador. “Raimundo era um criador de sonhos e um grande executor desses sonhos. Ele era otimista e imbatível em seus propósitos. Foi um chefe de família e um grande mentor para todos nós, que pretendemos seguir os mesmos passos dele”, afirmou.
O sobrinho Raimundo Bacelar lembrou que o tio sempre foi um homem de visão. “Um homem inteligente, com uma visão à frente do nosso tempo. Aos 87 anos, ele lia jornais e acessava a internet diariamente. Foi sempre preocupado com todos da família e com certeza vai fazer uma grande falta”, afirmou.
Amigos – Diversos amigos de Raimundo Bacelar também foram prestar homenagens e dar apoio à família. Fernando Sarney, presidente do Conselho Deliberativo do Grupo Mirante, foi um deles. “O Maranhão perdeu um grande homem e um dos precursores da comunicação no nosso estado. Preocupado com as nossas causas, ele teve uma grande importância para a vida política, social e empresarial do nosso estado”, disse.
Benedito Buzar, presidente da Academia Maranhense de Letras (AML), destacou a importância política do empresário: “Bacelar veio de uma família tradicional com uma influência política muito grande. Quando o seu pai morreu, ele assumiu o comando da família conduzindo todos para o caminho do bem. Raimundo Bacelar foi uma figura exponencial para a política maranhense, deixando um marco na área empresarial e da comunicação muito grande para o nosso estado”.
Raimundo Bacelar foi cremado e as cinzas serão espalhadas nas plantas que ornamentam e rodeiam a capela do Itapirema, onde repousam seus pais. A cerimônia de despedida com as cinzas de Raimundo Bacelar, em Coelho Neto, cidade em que nasceu, ocorrerá no dia 29, a partir das 9h, na capela, local onde está situado o jazigo da família. Este foi o último pedido feito pelo ex-deputado e ficou registrado no epílogo de seu livro Duque: Um Predestinado, lançado em 2007 e que conta a trajetória de sua família.
Trajetória – Raimundo Emerson Machado Bacelar nasceu na Vila de Curralinhos, atual cidade de Coelho Neto, localizada a 385 quilômetros de São Luís. Filho de Raimundo de Melo Bacelar (Duque Bacelar) e Maria Machado Bacelar, foi casado duas vezes. A primeira vez foi com Edine Nunes Bacelar, em maio de 1948, com quem teve três filhas: Maria Rita, Maria Ariadne e Ana Luiza. O casal se separou em 1952 e em abril de 1963, ele casou-se com Marília Lopes Gonçalves Bacelar, com quem teve o quarto filho, Raimundo Bacelar Júnior.
Cedo passou a ajudar o pai, Duque Bacelar, nos negócios e administração das terras e fazendas da família, após exercer os cargos de Promotor Adjunto de Coelho Neto e de se habilitar na Ordem dos Advogados para o exercício dessa profissão por meio de provisão. Com auxílio do pai, elegeu-se deputado estadual em 1950, aos 23 anos, substituindo sua irmã, a deputada Dalva Bacelar, na Assembleia Legislativa do Maranhão.
Timbira – Durante a primeira legislatura, foi secretário do então governador Eugênio Barros. À época, trabalhou também na Rádio Timbira, da qual foi diretor, e no Jornal do Dia, onde foi o responsável pela modernização do impresso na primeira metade da década de 1950.
Em 1954, ano da sua segunda legislatura, Duque Bacelar foi assassinado em Coelho Neto e coube a Raimundo Bacelar dar continuidade ao trabalho dele em conduzir os negócios da família. Em 1958, elegeu-se deputado estadual pela terceira vez. Na Assembleia Legislativa, apresentou projetos de lei como os da criação dos municípios de Duque Bacelar e Afonso Cunha. Também dedicou-se às comissões de Orçamento e de Finanças, as quais presidiu. Ainda no primeiro mandato, foi presidente da Casa.
Comunicação foi um dos ramos em que ele atuou
Em outubro de 1955, fundou a Rádio Difusora AM. Com a consolidação da rádio em São Luís, fundou a Rádio Difusora de Floriano, no Piauí, e Rádio Clube de Teresina, que não levou a marca Difusora porque, à época, já havia na cidade a Rádio Difusora de Parnaíba, de outros proprietários. Em novembro de 1963, foi inaugurada a TV Difusora, primeira emissora de televisão maranhense. E em agosto de 1979, foi inaugurada a Rádio Difusora FM, primeira emissora de rádio FM do estado.
Os veículos de comunicação pertenceram à família Bacelar até 1987. Ainda na área de comunicação, montou o jornal Diário da Manhã, a pedido do então deputado Newton Belo, para dar cobertura ao seu grupo político. Indústrias – Em julho de 1964, Raimundo Bacelar inaugurou a Usina Itapirema, com capacidade de produzir 600 mil sacos de açúcar por safra.
Em 1965, fundou a Companhia Agropecuária do Maranhão (Agropema), que tornou-se dententora do maior plantel de gado nelore puro registrado do Norte e Nordeste do Brasil. Em janeiro de 1973, foi fundada a Celulose e Papéis d Maranhão S.A. (Cepalma). Todos os empreendimentos eram sediados em Coelho Neto.
Por causa da grandiosidade dos empreendimentos, eram necessárias obras de infraestrutura que garantissem o funcionamento das indústrias. Muitas dessas obras foram feitas com recursos das empresas, já que o Governo do Estado teria dificuldades de executá-las com recursos próprios. A primeira obra executada foi a rodovia entre Caxias e Coelho Neto, que viria a ser a MA-011, com cerca de 82 quilômetros de extensão. Em Coelho Neto, construiu ainda hotéis para abrigar os técnicos, montadores, fornecedores e compradores das indústrias e escolas e um hospital.
Em 1979, foi convidado para ser diretor administrativo do Banespa Seguros, parte integrante do antigo Banco do Estado de São Paulo (Banespa) e, em 1980, convidado para ser assessor da presidência da Superintendência da Mineração Rio do Norte. Em 1984, trabalhou na campanha de Tancredo Neves à Presidência a convite do senador José Sarney, então candidato a vice-presidente. No ano seguinte, foi nomeado membro do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 1988, foi nomeado presidente da Mineração Rio do Norte.
Mais
Entre as homenagens que Raimundo Bacelar recebeu ainda em vida estão a Medalha de La Ravardiere, a maior comenda de São Luís; a Medalha Comemorativa do Quarto Centenário de São Luís, concedida pela Assembleia Legislativa do Maranhão, em 2012, e Personalidade de Comunicação do Ano, dada pelo 2º Congresso de Jornalistas e Radialistas do Maranhão, realizado em 2005. Seu nome também batiza diversas escolas e ruas em várias cidades do Maranhão.