(12h:50) Maria Dalva Machado Bacelar era a filha mais velha de Raimundo de Melo Bacelar (Duque Bacelar) e Maria Machado Bacelar. Nasceu em 30 de Fevereiro de 1924 em Coelho Neto e faleceu na tarde de ontem (26) em Recife – PE. Foi casada com Paulo Morais Vilaça. Concluiu os estudos e logo em seguida foi nomeada Prefeita de Coelho Neto.
Dos irmãos Dalva é a primeira perda recente da família Bacelar; a outra irmã Wanda, também já é falecida
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Na década de quarenta, também se destacou na administração municipal como a prefeita Dalva Bacelar – posteriormente deputada constituinte maranhense nas eleições de 1947 –, no município de Coelho Neto.
Dalva Bacelar quando jovem
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Em sua administração, priorizou a organização fundiária do município, em virtude de litígios com a Igreja Católica que já duravam anos. Por essa razão, enfrentou a oposição do Padre Alfredo Bacelar, que se tornou grande adversário da família da prefeita. Foi dele o comentário jocoso quando a prefeita se dirigia a cavalo para dar expediente na prefeitura:
“A prefeita está tão convencida que vai querer ser deputada’. Eu disse: ‘Padre Alfredo, o senhor me deu uma idéia, pois eu vou ser deputada!” (Dalva Bacelar, ex-prefeita e ex-deputada maranhense).
Nas eleições de 1947, o Partido Proletário Brasileiro (PPB), controlado por Vitorino Freire, elege Sebastião Archer da Silva como governador. Ele indica vinte representantes para elaborar a Constituição do Estado, dentre as quais Maria Dalva Bacelar, representante dos municípios de Coelho Neto, Buriti e Chapadinha, e única mulher eleita nesse período (O GLOBO, 18/03/1947).
Parte dos irmãos filhos de Duque Bacelar: Lis, Magno, José, Dalva, Bernardo, Flory e Luís Bacelar
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É também a mais jovem deputada, eleita com apenas vinte e dois anos. Dalva Bacelar é filha de um tradicional comerciante do Maranhão, pertencente à família Bacelar, que ainda hoje domina a região de Coelho Neto, grande produtora de óleo de babaçu. Conclui seus estudos em 1942 e, logo em seguida, é nomeada prefeita de Coelho Neto pelo então interventor Saturnino Belo, iniciando, assim, sua vida pública. Era “uma época que moça não saía sozinha”, enfatiza Dalva Bacelar.
Para administrar os negócios da prefeitura, a prefeita viajava para São Luís, muitas vezes acompanhada de seu irmão mais jovem. A juventude e a determinação de Dalva Bacelar foram, sem dúvida, pontos que marcaram sua carreira política. De imediato, ela percebeu que melhorar as condições do município passava por decisões que vinham “mais de cima”.
Embalada pela “indireta” do padre Alfredo Bacelar, resolveu candidatar-se a deputada estadual. Alertada pelo pai, que lhe informou que não seria possível se eleger apenas por Coelho Neto, a então prefeita viajou pelos municípios de Chapadinha, Buriti e Brejo, em busca de apoios de líderes políticos locais.
Decididos os apoios, Dalva se encontra com o grupo político do qual fazia parte, cujo dirigente era o senador Vitorino Freire. “Mas estava sobrando candidato! ‘Eu não sei o que fazer’, dizia Vitorino Freire. Eu insistia: ‘Quero ser candidata! Vimaqui para sair candidata!’”. Sua determinação em se candidatar fez com que fosse convidada por Alexandre Colares Moreira, antigo aliado de Vitorino Freire, filiado ao Partido Republicano Brasileiro. Sobre esse episódio, comenta Buzar (2005, p. 3):
“O recado de Colares Moreira chegou no momento certo aos ouvidos de Vitorino Freire, que imediatamente mandou chamá-la para tomar conhecimento da solução encontrada pela cúpula palaciana: o jovem Ivar Saldanha aceitara o convite para dirigir a Caixa Econômica Federal, cedendo a vaga a Dalva para concorrer ao pleito”.
Dalva Bacelar foi eleita com 929 votos, porém teve que enfrentar batalhas judiciais travadas contra o juiz de Coelho Neto, que usou muitos artifícios para anular sua eleição.
A deputada relembra esse período, evidenciando as dificuldades que se enfrentavam para votar e também para garantir lisura nas eleições:
“[…] era muito fácil anular eleição naquela época, porque se votava nos envelopes, se uma urna tivesse mais votos que a quantidade de eleitores, era nula, bastava botar mais um envelope dentro da urna para anular. Tinha que se fazer fiscalização até a hora de chegar ao Correio, quando a urna. chegava lacrada. Do Correio, ia para a junta apuradora, que era feita em Caxias. Viajava-se de caminhão, em uma estrada muito ruim. Na minha eleição, formos informados que as urnas iam ser violadas no caminho a Caxias, então meu pai denunciou ao delegado, acionamos um caminhão com soldados e o delegado acompanhou a entrega da urna em Caxias, foi muito difícil de me eleger! (Deputada Dalva Bacelar).
Tais obstáculos, todavia, não a impediram de ser empossada no dia 29 de março de 1947: “Ao ingressar no plenário não se deixou intimidar com a grande maioria masculina que ali marcava presença” (BUZAR, 2005, p. 3). De sua atuação no Legislativo, Dalva ressalta a oposição do deputado Fernando Viana, cunhado do Padre Alfredo Bacelar: “Este deputado me chamava de Sinhá Moça”, uma alusão a seus cuidados com a aparência, sempre arrumada.
No detalhe: Maria Dalva foi a única mulher eleita na Constituinte de 1947
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Dos projetos que apresentou, todos estavam relacionados a recursos aos municípios da região, “todos muito pobres”. A entrada de Dalva na política coincidiu com o período em que Vitorino Freire se firma definitivamente na política, elegendo-se senador também pelo PPB.
DALVA RECEBE HOMENAGENS
Em 8 de marco de 2003, a Assembleia Legislativa do Maranhão realizou sessão especial para comemorar o Dia Internacional da Mulher. A iniciativa foi da deputada Helena Heluy (PT), que acabou transformando a solenidade numa verdadeira audiência pública, recheada de importantes debates acerca das conquistas e problemas enfrentados pelas mulheres.
Dalva Bacelar com o filho e dentista Alexandre Bacelar em visita feita a Chapadinha no ano passado
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Durante a solenidade, a professora doutora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Maria Mary Ferreira, fez a exposição de um estudo realizado na Assembléia Legislativa, na legislatura passada (2202/2006), que traça o perfil da participação da mulher nos trabalhos do poder Legislativo Estadual. Para Mary Ferreira, a participação das mulheres no poder Legislativo Estadual começou em 1945, na época do chamado Vitorinismo, tendo como pioneiras as então deputadas Ana Jansen, Maria Firmina dos Reis, Zuleide Bogea, Neuza Castro, Dona Noca, Dalva Bacelar, Lilah Lisboa, Rosa Mocel e Maria Aragão. Fonte: Texto (Maria Mary Ferreira); Fotos (Wiliam Fernandes e Portal Coelho Neto)