Fiz uma pesquisa que mostra que, em função de o Brasil ser um país Continental, cada estado possui suas especificidades linguísticas. Por exemplo, um gaúcho que ler este texto, coitado, vai entender pouca coisa do linguajar maranhense. Vamos lá às pérolas que achei, algumas resistem ao nosso dia a dia e são usadas até por pessoas mais letradas.
Algumas palavras e expressões usadas pelos nossos antepassados e caboclos locais:
Chamar gado é aboiar
Cesto grande é jacar
Pendurado na cangaia
E quando a criança golfa
É porque quer vomitar
Se o menino não cresceu
É porque está entanguido
Já o que não comeu barro
Agora tá bem lutrido
A água cai no capote
E escorre pelo rego
Se a lanterna não acender mais
É porque acabou o carrego
A trilha vira vareda
Traira grande é pongó
Casa pequena é caritó
O arroz sai do pilão
A mulher tem que cessar
Quando ainda tem escolha
É preciso cangular
Fantasma vira pantarma
Satanás também é cão
Assustador é enxergar visagem
Que é pior que assombração
Tamanduá é mambira
Cachaça boa é tiquira
Balaio de palha é côfo
Tudo amarra com embira
Os potes estão na bilheira
E as louças no pitsqueiro
Chupé pode ser abelha
Como também uma cabeleira
Cacho de babaçu é mangará
Seu sustento é capemba
O vaqueiro calça mocó
E jacú também é pemba
A mandioca é manaiba
Seu amido é goma
Vamos fazer uma arrancada
Dois paneiros é uma quarta
E quatro é uma carga
Quixó também é currú
Com o puçar também se pesca
Só não se pega piaba
Piranha e nem pacú
O abano feito de palha
Para abanar o fogo bem quente
Com espeto cheio de gongo
Que do tucum come a semente
Ambiente é puteiro
Quem não paga seus débitos
É chamado de veiaco
Cabeceiro ou marreteiro
Bolo de goma é manzape
Se for de puba é manuê
Tudo que é intanguido
É chamado saruê
Lagarticha é carambôlo
Abestado é como tôlo
Adoube feito de barro
Substitue o tijolo
Sinusite é estalicido
Tuberculoso é enfraquecido
Tudo que é vistoso
É porque é bem parecido
Parar bem perto é riscar
Jogar(atirar) é lapiar
Bater com a lateral do facão
Pode ser também empanar
Tirar honra de moça é bulir
Cigarro de palha é pau ronca
Sabalancar é sacudir
E prostituta é fuampa
Quando não é preciso
Se diz carece não
Se não sabe sei não
Frango castrado é capão
Água, farinha, pimenta e sal é chibel
Água suja é toldada
Passar rápido é tubada
Arroz e carne é maria izabel
Maconha é diamba
Pra não cair na esparrela
Viro até de carambela
Não vou nessa carrumbamba
Bater com as mãos na água
É bater cumbuca
O cabilouro é abaixo da nuca
E sereia é mãe d’água
Jogar os pés é cangapé
Se está muito enganado
Está mal encaibado
E coruja é caboré
Difuluço é o mesmo que gripe
Coqueluche é tosse braba
Suco é cambica
Periquito é curica
POEMA DA CUNHÃ
A colega disse mermã
Meu marido tem um gato
Mas eu grudo mais que chato
Hoje eu quebro a cunhã
Desde trernotonte
Que ele caminha por ela
Vou botar sal na moleira
Hoje acabo com a rendeira
Vou acabar com o licute
Hoje vi a rapariga
Já me deu um trimilico
Mas logo fiquei distimida
(Autor desconhecido)
* Antônio Ferreira de Araújo (Toinho Araújo), é Teólogo, Pedagogo, Letrólogo, Especialista em Docência Superior e Mestre em Ciências da Educação.
Adoro expressões regionais. Viva a língua vida!