Justiça e Estado não funcionam bem sem imprensa livre, diz Cármen Lúcia

Presidente do STF fez discurso em seminário sobre liberdade de imprensa, promovido pelo CJN. Para ela, país precisa de imprensa livre para a população ser bem informada e exercer a cidadania.

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, presidiu o seminário “30 anos sem censura: a Constituição de 1988 e a liberdade de imprensa” (José Cruz/Agência Brasil)

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, defendeu nesta segunda-feira (11) uma imprensa “livre” e “útil durante o seminário “30 anos sem censura: a Constituição de 1988 e a liberdade de imprensa”, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No evento, foi lançado levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com dados de associações do setor, contabilizando 2.373 processos aos quais respondem veículos de comunicação.

“Sem imprensa livre, a Justiça não funciona bem, o Estado não funciona bem”, disse a ministra, na abertura do seminário.

Na maioria dos processos contabilizados pelo CNJ, há acusações de difamação (704 ações, 59,5% do total) e por suposta infração à legislação eleitoral (230, 19,4%), geralmente ajuizadas por políticos por prejuízo à imagem.

O órgão, porém, diz que o número de ocorrências encontrado – com informações prestadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) – representa apenas 4,5% de um total estimado de 300 mil ações envolvendo o exercício da atividade jornalística.

No evento sobre o tema, iniciado na manhã desta segunda no próprio STF, Cármen Lúcia citou o jornalista Hipólito da Costa (1774-1823), fundador do primeiro jornal brasileiro, o “Correio Brasiliense”, em 1808.

“O primeiro dever do homem é ser útil ao seu semelhante”, disse a ministra, ressaltando que o jornalista tem papel de vanguarda como “radar” da sociedade, “útil no sentido de marcar a direção na qual a sociedade deve seguir”.

“Nosso país, hoje e cada vez mais, precisa da cidadania, porque só a cidadania responsável e comprometida produzirá um Estado muito melhor. Eu continuo acreditando no Brasil e acredito no Brasil em que o cidadão possa exercer a sua liberdade de maneira crítica, bem informada. E para isso nós precisamos das mídias, da imprensa livre e de todas as formas de uma comunicação cidadã”, afirmou Cármen Lúcia.

“Como vai o meio de comunicação atuar constrangido, premido, ameaçado pelas indenizações pedidas pelos agentes públicos? Isso no interior do Brasil causa pânico muito maior do que nos grandes centros e grandes veículos. A indenização precisa ser eliminada”, disse.

Ao final da manhã, Cármen Lúcia disse que a palestra de Miro Teixeira será objeto de reflexão.

“Quem não tem direito livre à própria palavra, com toda certeza não tem garantia de qualquer outro direito”, afirmou a ministra.

Do G1

Sindicato de Jornalistas manifesta apoio a Marco D’Eça…

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís emitiu hoje (26) uma moção de apoio ao jornalista Marco Aurélio D’Eça, editor de Política do jornal O Estado do Maranhão.

Um dos mais duros críticos do governo Flávio Dino (PCdoB) – e do Judiciário -, ele foi vítima, neste fim de semana, de ataques de parte da mídia ligada ao Palácio dos Leões, com a divulgação de uma suposta condenação à prisão pela Justiça Federal.

O caso remonta a 2007, quando D’Eça noticiou suposta agressão do desembargador federal Ney Bello ao repórter-fotográfico Paulo Soares, de O Estado, durante a deflagração da Operação Navalha, em que o pai do magistrado, Ney Barros Bello, acabou preso (relembre).

Processado pelo desembargador, por calúnia e difamação, o jornalista enfrenta há dez anos a ação judicial e, em agosto de 2017, chegou a ser condenado pela juíza federal Claudia Giusti, substituta da 1ª Vara Criminal.

Ocorre que a condenação saiu nada menos que cinco anos após a prescrição do suposto crime. Ou seja: ao decidir sobre o caso, a magistrada sequer poderia proferir uma sentença, mas tão somente homologar a prescrição.

Mas não o fez… sabe-se lá por quê.

Abaixo, a nota do Sindicato dos Jornalistas.

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE SÃO LUIS

MOÇÃO DE APOIO

Vimos manifestar no apoio irrestrito ao jornalista Março Aurélio D’Eca, num momento em que aquele enquanto profissional é atingido por medida abusiva e manifesta agressão à liberdade de expressão, o que preocupa a todos os comunicadores diante da ameaça de amordaçar a imprensa em geral e a liberdade de expressão pela intimidação.

Ao jornalista Março Aurélio D’Eca, todo nosso apoio.

Douglas Cunha Presidente